GERAL

Polícia Federal já encontrou bens não declarados

Agentes da operação Kollektor acreditam que será possível recuperar parte dos R$ 63 milhões desviados da Universidade
Por Naira Hofmeister / Publicado em 12 de dezembro de 2009

Um mês depois de deflagrada a Operação Kollektor, que investiga o desvio de R$ 63 milhões da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), os agentes da Polícia Federal já encontraram bens que podem ser utilizados para devolver parte do valor à instituição. O delegado Aldronei Rodrigues mantém sigilo sobre qual a natureza e valor desses bens, mas adiantou que pertencem a “laranjas” dos alvos iniciais da operação (lista abaixo). “Diria que são significativos”, completa.

Como muitos dos investigados são também réus nos processos de execução fiscal da Vara Federal de Canoas, os bens declarados serão utilizados para pagar a dívida com a Fazenda Nacional, que já chegou a R$ 2 bilhões. O total da dívida da Ulbra já beira R$ 3,5 bilhões e inclui débitos com fornecedores e bancos.

É o caso dos carros e da cobertura do ex-Reitor Ruben Becker e dos R$ 2 milhões de patrimônio do ex-contador Aérnio Dilkin Penteado Jr, que serão leiloados em breve. “Esse é o pulo do gato: a Polícia Federal entra para identificar bens ainda desconhecidos”, observa o delegado Rodrigues.

A investigação policial se concentra agora na análise dos materiais coletados durante os mandados de busca e apreensão ocorridos em dezembro e nos depoimentos de testemunhas. Já foram ouvidas cerca de 30 pessoas na PF. “Em fevereiro ainda escutaremos outras mais. Somente em março deverão falar os mais importantes”, informa Rodrigues.

ALVOS DA PF NOS MANDADOS DE BUSCA E APREENSÃO
Aérnio Dilkin Penteado (Canoas)
Aérnio Dilkin Penteado Jr. (Canoas)
Ana Lúcia Becker Giacomazzi (Canoas)
Graziela G. de Lima Maria (Canoas)
Juliano Rubens Ribeiro dos Santos (Canoas)
Leandro Eugênio Becker (Canoas)
Marcelo Gonçalves dos Santos (Porto Alegre)
Marcos Viana Azevedo Bastian (Porto Alegre)
Paulo Reis (Ivoti)
Paulo Zanchi A. dos Santos (Porto Alegre)
Pedro Emílio Konrath (Canoas)
Ruben Eugen Becker (Canoas)
Yan Rodrigo Klein Penteado (Canoas)

Sinpro/RS manifesta seu apoio à investigação
Os professores Marcos Fuhr e Ângelo Prando, dirigentes do Sindicato de Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) reuniram-se na tarde dessa quinta-feira, 7 de janeiro, com o Superintendente da Polícia Federal Ildo Gasparetto e o delegado responsável pela Operação Kollektor, Aldronei Rodrigues. A entidade se comprometeu a fornecer informações que auxiliem no inquérito.

“O Sindicato é um protagonista histórico na luta trabalhista dentro da Ulbra. Sempre percebemos que a gestão destoava das demais instituições”, observou o diretor do Sinpro/RS, Marcos Fuhr. O comportamento do ex-Reitor Ruben Becker durante o período em que administrou a Ulbra já chamava a atenção do Sindicato muitos anos antes de a crise financeira vir a público.

A entidade condenou inúmeras vezes a criação de empreendimentos que extrapolavam a finalidade da instituição, educação e saúde, tal como o Museu do Automóvel, os lagos de pesque e pague, as emissoras de televisão e rádio e o clube de futebol. Hoje a Polícia Federal admite que esses eram recursos utilizados para a lavagem de dinheiro na Universidade. “Prestamos apoio irrestrito à Polícia Federal nessa investigação porque é o maior escândalo do meio educacional brasileiro nos últimos tempos”, advertiu Fuhr.

Sindicato vai formalizar uma notícia-crime
Durante o encontro, os sindicalistas se comprometeram a encaminhar subsídios para que a instauração de um novo inquérito policial. Trata-se da iniciativa dos antigos gestores da Ulbra de criar um sindicato local em 2007, atrelado à instituição. “Os professores foram forçados a assinar um documento como se tivessem participado de uma assembleia”, revelou o advogado do Sinpro/RS Eduardo Campos, que presenciou a ação. “A Justiça anulou a assembleia, mas os responsáveis continuam sem punição criminal”, reiterou Campos.

 

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