Foto: Igor Sperotto
A notícia de morte encefálica de um doador mobilizou no dia 16 de agosto de 2017 a equipe de transplantes da Santa Casa de Porto Alegre para a realização de uma das cirurgias consideradas mais complexas pela Medicina. Da média de 40 pacientes que permanecem internados no Complexo Hospitalar para reabilitação enquanto esperam um pulmão compatível, dois foram transplantados, um homem e uma mulher, graças a esse doador de Porto Alegre. O repórter fotográfico Igor Sperotto acompanhou, durante cerca de quatro horas, o transplante realizado pela equipe coordenada pelo cirurgião Spencer Camargo no Hospital Dom Vicente Scherer. Foi o 24º transplante pulmonar do ano. A equipe de transplantes de pulmão da Santa Casa é pioneira na América do Sul, tendo feito mais de 550 transplantes pulmonares.
A doação e transplante de órgãos compõem um cenário relativamente novo no Brasil. Somente há 20 anos foi implantada a Lei de Transplantes. Há 30 anos, o médico Valter Duro Garcia idealizou a Central de Transplantes, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde do RS, para coordenar e regular as doações e os transplantes de órgãos e tecidos no Estado. O modelo inspirou a estruturação do Sistema Nacional de Transplantes.
Devido à habilidade e competência deste e de outros profissionais, o Estado se tornou pioneiro em transplantes de órgãos e tecidos. No Instituto de Cardiologia, Ivo Nesralla fez o primeiro transplante de coração do Estado e o quarto do Brasil em 1984. Na Santa Casa de Misericórdia, José Camargo realizou o primeiro transplante de pulmão da América Latina, em 1989.
Esses feitos só foram possíveis pela generosidade das famílias em concordarem com a doação de órgãos de seu parente que teve morte encefálica. Atualmente, existem 78 hospitais notificadores de doadores, em todas as regiões do RS. Há seis Organizações de Procura de Órgãos (OPOs). A OPO 7, cirúrgica, funciona no Instituto de Cardiologia para captar doadores de fígados e rins.
Nos últimos anos, o RS teve um aumento de 33% no número de doações e ultrapassou 25 doadores por milhão de população. Ainda não é o ideal, mas é a quarta melhor taxa do Brasil, acima da média nacional. “A crise da saúde no país e no Estado, que levou ao fechamento de leitos hospitalares e de unidades de doentes graves, mais a falta de condições de trabalho para os profissionais impactaram também no setor de transplantes dentro do contexto de atendimento à população”, diz Cristiano Franke, coordenador da Central de Transplantes do RS.
Uma dificuldade é justamente fazer com que as direções das instituições hospitalares considerem prioridade a doação de órgãos, afirma.
Doação de órgãos
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