CULTURA

Rafael Guimaraens revisita a Porto Alegre da enchente de 1941

Autor de livro-álbum sobre a maior catástrofe vivida pela capital gaúcha no século 20 participa de encontro sobre os contextos das enchentes
Por Gilson Camargo / Publicado em 19 de junho de 2024
Rafael Guimaraens revisita a Porto Alegre da enchente de 1941

Foto: Antônio Nunes/ Acervo Fotográfico do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa/ Divulgação

Em 41, na maior enchente do século passado, “as águas destruíram casebres e invadiram fábricas; alagaram os Correios e Telégrafos, o Mercado Público, a Prefeitura, o Cais do Porto, a Estação Ferroviária, o Aeroporto Municipal e a Usina do Gasômetro, deixando a cidade sem luz, bondes e comunicação”

Foto: Antônio Nunes/ Acervo Fotográfico do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa/ Divulgação

O escritor e jornalista Rafael Guimaraens, autor do livro A Enchente de 41 (Ed. Libretos), lançado em 2019, recentemente relançado em sétima edição, vai abordar o contexto histórico da pior catástrofe climática vivida pela capital gaúcha no século 20, evento que durou 32 dias e agora foi superado pela recente cheia de maio de 2024.

Rafael Guimaraens revisita a Porto Alegre da enchente de 1941

Foto: Antônio Nunes/ Acervo Fotográfico do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa/ Divulgação

“Uma enchente de 32 dias quebrou a rotina da cidade de forma violenta, espalhando pânico e desespero. Cerca de 70 mil pessoas deixaram suas casas – um quarto da população de Porto Alegre à época”

Foto: Antônio Nunes/ Acervo Fotográfico do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa/ Divulgação

No dia  21 de junho, sexta-feira, o autor participa da 1ª edição dos Diálogos Amelie – série sobre o Meio Ambiente. O encontro será no Espaço Amelie (Rua Vieira de Castro, 439 – bairro Farroupilha, em Porto Alegre/RS), às 16h. A conversa será sobre Porto Alegre no contexto histórico da Enchente de 1941, com uma explanação sobre como aconteceu o episódio e quais foram suas consequências, além de enfoque na construção do Muro da Mauá.

A maldição da enchente e o recomeço

O setor livreiro foi duramente impactado pelo desastre climático que assolou o Rio Grande do Sul neste ano, entre o final de abril e durante todo o mês de maio, e que ameaça com novas inundações devido às chuvas que persistem em junho. Em Porto Alegre, a editora Libretos, sofreu uma perda significativa do acervo. Entre os cerca de 12 mil livros do catálogo da editora que se perderam na inundação do depósito localizado na rua Voluntários da Pátria estava o estoque de A Enchente de 41, que estava na sexta edição.

De acordo com a editora, como ação de recomeço foi providenciada a 7ª reimpressão de A Enchente de 41, de forma que o livro já pode ser adquirido nas livrarias parceiras, como Café Mal Assombrado, Clareira, Cirkula, Gato Preto, Isasul, Londres, Macun, Paralelo 30, Pocket, Santos e Vanguarda. Ou ainda no site da www.libretos.com.br ou pelo whatsapp (51) 9355-4456.

Trecho de A Enchene de 41

Rafael Guimaraens revisita a Porto Alegre da enchente de 1941_barcos

Foto: Acervo Fotográfico do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa/ Divulgação

“Barcos transportavam passageiros pelas ruas centrais em linhas regulares anunciadas pelo rádio, como se estivéssemos em Veneza”

Foto: Acervo Fotográfico do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa/ Divulgação

“Primeiro, veio a chuva. Depois, a fúria dos rios, que violou domicílios e estabelecimentos. Uma enchente de 32 dias quebrou a rotina da cidade de forma violenta, espalhando pânico e desespero. Cerca de 70 mil pessoas deixaram suas casas – um quarto da população de Porto Alegre à época. Foi a quarta grande enchente num período de 15 anos e a mais devastadora de todas”, descreve Guimaraens no livro.

O autor narra que as águas destruíram casebres e invadiram fábricas; alagaram os Correios e Telégrafos, o Mercado Público, a Prefeitura, o Cais do Porto, a Estação Ferroviária, o Aeroporto Municipal e a Usina do Gasômetro, deixando a cidade sem luz, bondes e comunicação. Escolas, cinemas e vagões de trem foram transformados em albergues.

“Barcos transportavam passageiros pelas ruas centrais em linhas regulares anunciadas pelo rádio, como se estivéssemos em Veneza”.

A enchente atingiu 4,76 metros de altura e alcançou a Rua da Praia, no coração da cidade, inundando cinemas, lojas bancos e cafés. Mais de 600 empresas demoraram meses para reabrir. Muitas não conseguiram.

As 120 imagens que compõem a publicação expõem o trauma e as impressionantes modificações que a cidade sofreu naqueles dias. O drama foi documentado quando o Guaíba invadiu a cidade. O álbum, anota Guimaraens, “é uma homenagem aos fotógrafos profissionais e amadores que navegaram pelas ruas e deixaram impressa a dimensão da tragédia”.

O autor

Rafael Guimaraens revisita a Porto Alegre da enchente de 1941

Foto: Aline More/ Divulgação

Rafael Guimaraens abordará contexto histórico da enchente de 41

Foto: Aline More/ Divulgação

Rafael Guimaraens é jornalista profissional desde 1976. Atuou como repórter, editor e secretário de redação da Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre (Coojornal). Foi editor de Política do jornal Diário do Sul. Tem uma produção autoral de livros sobre fatos marcantes de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, solidificando sua presença nos setores histórico e cultural.

Com Tragédia da Rua da Praia, de 2005, recebeu o prêmio O Sul Nacional e os Livros, na categoria melhor narrativa longa – livro que teve uma versão em quadrinhos ilustrada por Edgar Vasques.

Capa: Libretos/ Divulgação

Capa: Libretos/ Divulgação

Seguiram-se Abaixo a Repressão – Movimento Estudantil e as Liberdades Democráticas (com Ivanir Bortot, 2008), e Teatro de Arena – Palco de Resistência (2009), vencedor do prêmio Açorianos nas categorias Especial e Livro do Ano.

Com A Enchente de 41 recebeu em 2010 o Prêmio da Associação Gaúcha de Escritores (AGES), como melhor livro de não-ficção e foi novamente agraciado com o prêmio da Ages, categoria Especial, por O Sargento, o Marechal e o Faquir (2016). Com 20 Relatos Insólitos de Porto Alegre (2017) ganhou o Prêmio Minuano de Literatura. Publicou Fim da Linha – Crime do Bonde em 2018 e no ano seguinte O Espião que Aprendeu a Ler, vencendo seu terceiro Prêmio AGES, desta vez em melhor narrativa longa. Em 2021, o autor recebeu menção honrosa do Prêmio Açorianos com 1935, também na categoria narrativa longa. Em 2022, lançou O Incendiário.

Em 2022 recebeu o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre por sua contribuição ao jornalismo e à literatura, refletida em sua obra dedicada à memória da cidade. E, na edição 2023 do Prêmio Açorianos de Literatura, realizada em abril deste ano, foi homenageado especial pelo conjunto da obra.

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