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Defesa mobiliza 600 militares para combate às queimadas em São Paulo

Combate a incêndios em São Paulo, no Pantanal e na Amazônia mobiliza Forças Armadas. No interior paulista, são 48 municípios atingidos por incêndios criminosos
Da Redação / Publicado em 26 de agosto de 2024
Defesa mobiliza 600 militares para combate às queimadas em São Paulo

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Corpo de Bombeiros do DF participa do combate a focos de incêndios que atingem simultaneamente Brasília, Pantanal, Amazônia e São Peulo

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Mais de 600 militares das Forças Armadas, sob a coordenação do Ministério da Defesa, com o emprego de dois helicópteros da Marinha e três do Exército, além de uma aeronave multimissão da FAB com capacidade para 12 mil litros de água, estão atuando em São Paulo no combate às queimadas.

Os incêndios que tomaram conta do interior paulista neste mês provocaram bloqueios de rodovias, desalojamentos de pessoas, destruição de plantações e mortes. Duas pessoas morreram e 66 ficaram feridas ao tentarem apagar um incêndio em uma usina e 66 pessoas ficaram feridas. Três homens foram presos suspeitos de provocarem os incêndios de forma intencional no interior paulista e em Goiás.

Além das aeronaves, também estão sendo empregados equipamentos especializados de engenharia para construção de aceiros, uma espécie de barreira para evitar o alastramento do fogo. Viaturas de socorro e caminhões cisterna também estão sendo empregadas. A atuação da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ocorre em apoio ao estado de São Paulo e em parceria com agências governamentais.

O número de cidades atingidas por incêndios criminosos no interior paulista subiu de 46 para 48, de acordo com o último balanço divulgado pelo governo de São Paulo, na noite desse domingo.

Conforme o monitoramento do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Defesa Civil do governo estadual, atualmente, são 17 cidades que enfrentam focos ativos de incêndio. Ao todo, 36 cidades estão sendo monitoradas e em alerta máximo para queimadas. As localidades em questão sofrem com baixa umidade do ar e elevado risco devido à onda de calor que afeta todo o estado.

“O Estado está muito empenhado em combater os incêndios. A situação hoje está ficando sob controle, e a maioria dos focos já está sendo extinta. Haverá um empenho muito grande, com toda essa coordenação, para que possamos controlar os incêndios. Estamos contratando aviões para fazer a pulverização de água, que se somam às nossas equipes de aeronaves do Corpo de Bombeiros e ao reforço das Forças Armadas. Precisamos ter o máximo de cautela. O esforço deve ser conjunto para evitar a propagação dos focos. É importante evitar bitucas de cigarro, soltar balões e qualquer coisa que possa dar início a incêndios”, ressaltou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que no domingo fez um sobrevoo nas áreas atingidas e instalou um gabinete de crise em Ribeirão Preto.

Brasil em chamas

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) pôs fim ao incêndio ocorrido na Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) Santuário de Vida Silvestre do Riacho Fundo, localizada entre o Aeroporto Internacional Juscelino Kubistchek e o Jardim Zoológico de Brasília. No local, fica a nascente do Lago Paranoá. Nenhuma pessoa se feriu no episódio.

Em menos de um mês, o fogo consumiu 2,5 milhões de hectares da Amazônia. Os dados são do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ). A média histórica para área afetada pelo fogo no mês é 1,4 milhões de hectares.

Com a intensificação da temporada de incêndios na Amazônia e no Pantanal, em decorrência da mudança do clima, cidades de dez estados registraram episódios de fumaça e diminuição na qualidade do ar.

Imagens obtidas pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos mostram a concentração do monóxido de carbono sobre uma faixa que se estende do Norte do Brasil até as regiões Sul e Sudeste, passando sobre o Peru, Bolívia e Paraguai. Na última semana, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) fez um alerta sobre os cuidados necessários para a saúde nesses casos.

Segundo nota divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o fogo na Amazônia estava concentrado principalmente no sul do Amazonas e nos arredores da Rodovia Transamazônica (BR-230).

“Amazonas e Pará concentram, juntos, mais da metade (51,6%) dos focos de incêndio registrados no bioma de 1º de janeiro a 18 de agosto de 2024, segundo dados do   Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Desde 1º de julho, 67,2% dos focos registrados estão nos dois estados.”, informou o ministério.

Um dos três presos que atearam fogo em canaviais no interior de São Paulo disse aos policiais, quando foi preso, que integrava a facção criminosa PCC e que havia cometido o crime a pedido do grupo. Alessandro Arantes foi preso no domingo, 25, em Batatais (SP). De acordo com o boletim de ocorrência, os policiais que o prenderam localizaram um isqueiro e um galão de gasolina no local da prisão. O preso ainda registrou em video o incêndio depois de atear fogo na plantação de cana.

Tem gente colocando fogo

Defesa mobiliza 600 militares para combate às queimadas em São Paulo

Foto: Ministério da Defesa/ Divulgação

Foto: Ministério da Defesa/ Divulgação

Lula em encontro com Marina Silva: “Até agora, não conseguimos detectar nenhum incêndio causado por raios, o que significa que tem gente colocando fogo na Amazônia, no Pantanal e em São Paulo”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou no domingo, 25, a central de monitoramento do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Brasília, para acompanhar a situação dos incêndios em São Paulo, no Pantanal e na Amazônia. Há cerca de três mil brigadistas em todo o país trabalhando para combater os focos de fogo.

“Até agora, não conseguimos detectar nenhum incêndio causado por raios, o que significa que tem gente colocando fogo na Amazônia, no Pantanal e em São Paulo”, afirmou o presidente durante reunião com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e representantes do Governo Federal.

Lula pretende participar da reunião semanal que ocorre na Casa Civil, com a participação de mais de 20 ministérios, sobre os incêndios. Os governadores dos estados atingidos serão convidados. “A Polícia Federal vai investigar e o governo vai trabalhar com os estados no combate aos incêndios”, afirmou.

A ministra Marina Silva classificou a situação dos focos de incêndio em São Paulo como “atípica”. De acordo com o governo do Estado de São Paulo, 21 cidades enfrentam focos ativos de incêndio neste domingo. Ao todo, 46 municípios estão em alerta máximo para queimadas.

“Em São Paulo, não é natural, em hipótese alguma, que em poucos dias você tenha tantas frentes de incêndio envolvendo, concomitantemente, vários municípios”, disse Marina.

“É preciso parar de atear fogo, porque mesmo colocando tudo o que está à disposição dos governos estaduais, municipais, dos esforços privados e do Governo Federal, se não parar de colocar fogo num período em que há temperatura alta, baixa umidade relativa do ar e ventos que vão até 70 km por hora, não há como conter o fogo”, enfatizou a ministra.

Incêndios sob investigação

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, informou que há dois inquéritos para apurar se os incêndios em São Paulo são criminosos. “Mobilizamos as nossas 15 delegacias espalhadas no interior e a nossa superintendência regional, coordenados pela diretoria de Amazônia e Meio Ambiente em Brasília, para que a gente possa identificar a questão que envolve essas queimadas no estado”, explicou.

A Polícia Federal também investiga as causas dos incêndios na Amazônia e no Pantanal. “É fundamental que se entenda o que está acontecendo. Quando se trata de ação criminosa, será punida com todo o rigor que a lei nos oferece”, frisou Marina Silva.

Desde o ano passado, o Governo Federal trabalha na prevenção de incêndios no país. “Se não tivéssemos nos preparado desde 2023 para fazer esse enfrentamento, nós estaríamos numa situação muito difícil. Se não tivéssemos reduzido o desmatamento em 50% no ano passado na Amazônia e em 45% neste ano, estaria uma situação incomparavelmente difícil”, pontuou a ministra.

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