OPINIÃO

Goida: 90 anos de Dolce Vita

FRAGA / Publicado em 12 de setembro de 2024

Goida 90 anos de Dolce Vita

Arte: Rafael Sica

Arte: Rafael Sica

A festa de aniversário do nonagenário Goida, vulgo Hiron Goidanich, foi como um filmão visto por ele. Quase 80 pessoas ao redor daquela cabeça prateada, brilhante cabeça, que nunca parou de refletir o cinema. Conhecendo o Goida, dá pra fazer uma tomografia amigável do acúmulo cultural na mente dele

De Marilyn Monroe a Clark Gable, de Cid Charisse a Gene Kelly, de Paul Newman a Meryl Streep, de Catherine Deneuve a Marcelo Mastroianni, de Gloria Swanson a James Stewart, de Scorsese a Sofia Loren, de Woody Allen a Capra, de Coppola a Leone, de David Lean a Hitchcock, de Norman McLaren a Ed Wood, de Glauber a Cléber Mendonça: são milhares de criadores de tipos e filmes bailando na memória, rebobinados por sua maior paixão – depois da Daisy.

Há grandes questões que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas não respondeu, e a gente tem que repeti-las: foi a tecnologia das projeções que iluminou o olhar do Goida ou foi o olhar acurado do Goida que fez o cinema evoluir dos 35mm aos 70mm, do cinemascope ao Todd-AO, do cinerama ao Imax?

Foram os olhos encantados do Goida que inspiraram a evolução das imagens em preto e branco para o technicolor ou foi a maravilha das cores que influíram na beleza dos seus textos?

Os grande fotógrafos do cinema mundial criaram imagens inesquecíveis para se exibir ou apenas para impressionar o Goida?

A verdade é a seguinte: sem o acompanhamento do Goida, os filmes seriam menos esplendorosos.

Antes de Steven Spielberg inventar o boom das bilheterias, Goida e suas memoráveis crônicas em ZH arrastaram multidões aos cinemas de Porto Alegre. E, coincidência ou não, os cinemas de rua começaram a acabar quando o Goida iniciou seu afastamento dos cinemas nos shoppings.

Em paralelo, é preciso ressaltar o entusiasta Goida com o Clube de Cinema da capital e sua confraria de amigos. Ao Goida e à sua turma, devemos inesquecíveis sessões à meia-noite ou matinais. Bons tempos aqueles: éramos felizes e sabíamos!

Desnecessário lembrar mas lembro: o Goida também tem um vínculo ardoroso com eventos cinematográficos, onde o Festival de Cinema de Gramado é a ponta de um luminoso iceberg.

Agora que já devem estar cansados de tantas loas ao adorável e admirável Goida, familiar amado e amigo queridíssimo de todos, é hora de uma revelação até hoje inédita.

Após décadas de disfarce no nome do estúdio de cinema, para evitar ciumeira entre quem escrevia sobre filmes, o maior segredo da indústria de Hollywood, afinal, veio à tona nesta efeméride dos 90 anos do Hiron Goidanich: MGM simplesmente quer dizer Melhor Goida Maior!

FRAGA é colunista mensal do Jornal Extra Classe

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