Moradores do Sarandi querem limpeza de esgoto e galeria contra novos alagamentos

Foto: Carlos Messalla/ Divulgação
Depois de diversas manifestações, moradores do Sarandi vão ocupar avenida para reivindicar limpeza de esgotos e nova galeria para barrar alagamentos
Foto: Carlos Messalla/ Divulgação
Uma das regiões mais afetadas pelas enchentes de maio de 2024 em Porto Alegre, o bairro Sarandi, na zona norte da capital gaúcha, passados dez meses, ainda está paralisada pelos efeitos do desastre ambiental.
O temor dos moradores é que voltem os alagamentos com a entrada do outono, a exemplo do que já ocorreu mesmo com pouca chuva no começo deste ano. “Basta uma hora de chuva e nossa vila já fica com as ruas alagadas”, alerta a comunidade da Vila Nossa Senhora Aparecida, que organizou um protesto contra a falta de providências da prefeitura em relação à rede de esgoto depois da tragédia.
A mobilização ocorre nesta sexta-feira, 6, a partir das 18h na Av. Bernardino Silveira Amorim, contra o que os moradores consideram ser o abandono das redes de esgoto pela Prefeitura. Os organizadores convocaram a comunidade a levar panelas e latas para fazer muito barulho, trancar o trânsito e denunciar o descaso e os constantes perigos a que a comunidade está exposta.

Foto: Ederson Nunes/CMPA
Reunião da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos da Câmara debateu no dia 25 de fevereiro a situação de 57 famíilias que serão despejadas até 10 de março
Foto: Ederson Nunes/CMPA
A comunidade já fez diversas manifestações para cobrar ações da prefeitura e, em setembro, ocupou o Paço Municipal para denunciar que o Sarandi estava vivendo 120 dias de abandono.
Já a situação dos moradores que vivem em cima do dique e estão sendo despejados foi tema da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos (Cedecondh) da Câmara Municipal no dia 25 de fevereiro.
O prazo para a retirada das 57 famílias da rua Aderbal Fraga para a continuidade das obras emergenciais foi prorrogado até 10 de março.
A mobilização desta sexta-feira, 5, pede o jateamento de redes de esgoto para desentupimento, construção de galeria para escoamento da água na rua Senhor do Bom Fim e outras obras que evitem os constantes transtornos a cada chuva.
Outra providência que a comunidade reivindica é uma reunião com a prefeitura, que segundo os moradores, desapareceu depois que as águas baixaram. Eles querem ainda agilidade na implantação de uma galeria pluvial da Rua Sr. do Bom Fim até a Assis Brasil.
“Se chover por uma hora, a água chega nas casas”

Foto: Igor Sperotto
Nelsa Nespolo: “não tiveram medo de vir na comunidade durante a eleição, por que têm agora?
Foto: Igor Sperotto
“Durante o período da enchente, a prefeitura manteve totalmente ausente de toda e qualquer ação na comunidade. Não chegou nada aqui através da prefeitura. Inclusive a subprefeitura que estava em um espaço que não foi alagado acabou também saindo daqui e não fez qualquer atendimento às pessoas”, relata a costureira e empesária Nelsa Nespolo, integrande da Associação Comunitária Nossa Vila Aparecida.
Fundadora da Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos (Univens), sediada no Sarandi, e que articulou uma rede de solidarieade para socorrer quem foi atingido pela enchente, a empresária conta que os moradores vivem dias de pânico porque sabem que, com qualquer quantidade de chuva, o bairro será alagado.
“O atendimento à comunidade passou pela Cooperatiuva Univens, que promoveu campanhas de solidariedade com oraganizações, sindicatos, empresas, amigos para amaparar quem perdeu tudo”, explica. Quando as águas baixaram e os moradores começaram a voltar se formaram montanhas de escombros que permaneceram por meses na frente das casas.
“As nossas redes de esgotos continuam assoreadas, elas não foram limpas. O lodo da enchente continua todo nas redes de esgoto. Já fizemos protocolo, já pedimos providência, a associação fez o mapeamento de todas as bocas-de-lobo. Eles vieram, olharam, algumas eles limparam só a tampa, mas a rede de esgoto segue assoreada”, alerta.
“Quando chove, qualquer quantidade que seja de chuva, já alaga as ruas e se chover uma hora a água já está dentro de casa. É algo muito alarmante”. De acordo com a empresária, se não for construída uma galeria que escoe a água, a vila vai alagar de novo no próximo inverno.
“Esse é o nosso grito, estamos denunciando a ausência do poder publico local, que precisa olhar para a zona norte, para o Sarandi, para o bairro Nossa Senhora Aparecida e atender as nossas três demandas: jatear as redes para tirar o lodo e tudo que tem dentro; abrir a galeria que ligue a Senhor do Bom Fim com a Assis Brasil para que possa escoar a água que fica acumulada com as chuvas; e a gente quer que eles venham e dialoguem com a comunidade. Se não tiveram medo no período das eleições, por que agora eles têm medo de chegar nas comunidades e ouvir as demandas e entender a dor que as pessoas estão vivendo ainda?”