CULTURA

O adeus dos guardiões da memória

No mês de junho, o Rio Grande do Sul perdeu duas importantes figuras, Rovílio Costa e Hardy Vedana, que atuavam, cada um em sua área, na preservação da memória cultural e histórica do estado. Ambos visitar
Por César Fraga / Publicado em 16 de julho de 2009

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Foto: Tania Meinerz

Foto: Tania Meinerz

O FREIRovílio Costa (foto), ou Frei Rovílio, como era mais conhecido, tinha sua atuação voltada para a formação étnica do RS e preservação dos relatos, literatura e documentos sobre formação da população do estado. Completaria 75 anos em agosto. Foi eleito patrono da 51ª Feira do Livro de Porto Alegre, em 2005, mas somente depois de de três indicações. Era Capuchinho, desde sua ordenação em 1960. Formado em Pedagogia, Filosofia, Teologia, com mestrado em Psicologia Educacional e livre docente em Antropologia Cultural e Religiosa (professor aposentado da Ufrgs). Era também vigário da Paróquia Maronita, Nossa Senhora do Líbano, em Porto Alegre, e fundador da EST Edições, editora pela qual lançou milhares de títulos de quase 3 mil autores. O material trazido à luz pela sua incansável dedicação aos livros é utilizado como fonte de pesquisa de renomados autores de ficção e pesquisadores. “Não pensem que passo o tempo todo lendo, afundado em literatura e pesquisas. Meu interesse principal são as pessoas, a vida real. Fazem uma ideia errada a meu respeito”, disse em 2005 ao Extra Classe. Além disso, escrevia textos sobre teologia, história, genealogia, municípios e famílias. As publicações editadas pelo Frei versavam em sua maioria sobre etnias e estudos rio-grandenses ou brasileiros. Vale a pena reler a entrevista concedida em novembro de 2005
(http://www.sinprors.org.br/extraclasse/nov05/entrevista.asp).

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Foto: Tania Meinerz

Foto: Tania Meinerz

O MÚSICOHardy Vedana (foto), jazzista, era uma lenda viva. Tinha 81 anos, natural de Erechim e radicado na capital. Dedicavase a um importante trabalho de recuperação da memória musical do estado. Ele foi também fundador e presidente do Museu da Imagem e do Som cujo acervo, à época de reportagem do EC em 2007, deteriorava-se nas dependências do Auditório Araújo Viana. Seu sonho era transformar o prédio em ruínas onde funcionava a A Elétrica, primeira gravadora do estado, em sede do museu. Mas nunca encontrou apoio do poder público para levar adiante o projeto. Vedana teve farta produção de livros, a maioria versando sobre a memória cultural do estado. Além destes, havia dezenas de outros trabalhos que estariam prontos para ganhar a luz, faltando apenas finalização; porém, para isso, precisava de financiamento. Seu mais recente livro publicado foi o surpreendente A Elétrica e os Discos Gaúcho, que remonta a história de dois imigrantes italianos que fundaram em 1913 a segunda fábrica de discos do país e que chegou a ser a segunda mais importante do continente e a quarta do mundo. Hardy era pesquisador autodidata e fez de tudo, inclusive foi publicitário. Trabalhou na época da fundação da TV Piratini e escreveu em jornais, além, é claro, da música, sua atividade principal. Mantinha em casa um escritório doméstico, local onde mantinha um vasto arquivo pessoal, desde gibis do Spirit até um catálogo invejável de discos de jazz e literatura.

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