Impasses à solução da crise global: o que fazer com o sistema bancário
Imagem: Pedro Alice
Imagem: Pedro Alice
Uma análise sobre a extensão da crise mundial e as possibilidades de arrefecimento da mesma, nos obriga a um olhar sobre a conjuntura financeira intra e entre os países centrais (EUA, Inglaterra, países da Zona do Euro, etc.). Duas razões nos levam a realizar esse exercício.
A primeira razão é que o epicentro de todo o imbróglio é o sistema bancário dos EUA, a essas alturas sem as mínimas condições de confiança e liquidez para realizar o papel de intermediação financeira.
A segunda razão é que o capitalismo tem imensas dificuldades de funcionar sem um sistema de crédito eficiente, elemento vital para a reprodução capitalista.
Se o setor financeiro não funciona a contento, os reflexos negativos no setor real da economia são inevitáveis, com a ocorrência de recessão, depressão, desemprego e empobrecimento generalizado.
As avaliações, neste início de ano, divulgadas por analistas do The Wall Street Journal Americas (2, 3 e 4/01/09) e operadores do mercado financeiro não anteveem o fim das dificuldades tão cedo, além de temerem recessão prolongada e inflação nos EUA.
Outra manchete do mesmo jornal (21/01/09) dá conta de que novas perdas assustam mercado e derrubam ações de bancos naquele país. Isso significa que não são conhecidos nem o tamanho, nem a profundidade do passivo do sistema bancário desses países.
Os governos mobilizaram-se rapidamente, mas todo o esforço de socorro para introduzir liquidez no sistema tem se mostrado insuficiente, dado que o crédito desapareceu e as ações dos bancos continuam despencando.
Diante dessa conjuntura, os formuladores da política econômica desses países parecem atônitos ao imaginarem medidas estranhas ao seu receituário habitual.
É o que revelam as manchetes do jornal acima citado: “EUA estudam criação de banco estatal para absorver crédito podre”, (19/01/09) e “Bancos do Reino Unido se veem à beira da nacionalização total” (22/01/09).
Essa leitura da crise nos leva a concluir que enquanto não for resolvido o problema dos bancos nos EUA, especialmente, e em alguns países da Europa, enquanto o sistema de crédito não for recuperado, essas economias enfrentarão o fantasma da recessão ou do baixo crescimento, com todas as suas consequências sociais.
Para os países emergentes, como o Brasil, que, supostamente, tem o sistema bancário saneado, os efeitos da falta de crédito internacional e a queda da demanda externa representam um freio à expansão econômica, impondo baixas taxas de crescimento do produto e do emprego, significa dizer, mais dificuldades.