Os limites e as possibilidades da bovinocultura no Rio Grande do Sul
Muito se tem discutido sobre a economia da bovinocultura, seu modo de produção e seus resultados. Na verdade, se observarmos o desempenho histórico desse segmento da agropecuária, depois de três séculos de funcionamento, verificaremos que a produtividade média (kg/ha/ano) anda em torno de 70/75 kg de carne. Um resultado modestíssimo quando comparado com outras regiões com características ambientais semelhantes às do Rio Grande do Sul. Esta é uma das causas da falta de dinamismo de regiões cuja economia tem como carro-chefe a produção de carne bovina, como é o caso da Metade Sul do estado. O pensamento dominante entre produtores, ao longo do tempo, era de que este segmento da economia gaúcha tem mais limites do que possibilidades, no sentido de elevar o padrão médio de produtividade.
Não seria necessário dizer, mas é bom lembrar, que a elevação da produtividade e da eficiência não cairá do céu, elas devem ser produzidas pela gestão dos agentes econômicos, os fazendeiros. Neste sentido, o médico veterinário e produtor rural Rafael Antônio Saadi publicou em 2007 o livro Agropecuária: a grande virada.
Trata-se de um estudo que busca mostrar que é viável aumentar os padrões de produtividade do setor mediante a observância de três tipos de ação: a fertilização do solo, o manejo e o uso de forrageiras adequadas. Com isso é possível superar eventuais restrições edafo-climáticas, existentes em algumas regiões do estado, para a produção permanente de alimentos para o gado.
Esta estratégia certamente proporcionará ganhos por redução de custos, para aqueles que a adotarem, como são os casos de Delfino Barbosa (Camaquã), que produz 300 kg/ha/ano, José Carlos Trois (São Borja), que atinge 360 kg/ha/ano, Aristeu Alves (São Francisco de Paula), que obtém 450 kg/ha/ano e Carlos Simm (Vacaria), cuja marca alcançou 1200 kg/ha/ano.
Este trabalho é revelador de que as possibilidades são maiores do que os limites, ou são mais amplas do que se imagina. Tais resultados, combinados com outras duas estratégias, a do rigor sanitário e a de formas adequadas de comercialização, certamente são garantias de prosperidade sustentável para o setor e para as economias regionais. A absorção dos ensinamentos contidos no Agropecuária: a grande virada constitui um poderoso elemento competitivo para atender um mercado mundial, cuja perspectiva é a crescente escassez de alimentos.