O registro da tradição historiográfica das artes visuais no Rio Grande do Sul está repleto de lacunas. As obras voltadas para a sistematização das informações sobre a produção, formação do artista e os processos de criação e venda, numa perspectiva histórica, estão virando raridade. Passados 50 anos desde a publicação da Enciclopédia Rio-grandense, de Ângelo Guido e Fernando Corona, o lançamento de Artes Plásticas no Rio Grande do Sul: uma panorâmica (Ed. Lahtu Sensu, 228 p.) propõe a cobertura de quase três séculos da história da arte nos pampas, abrangendo desde a herança da escultura missioneira até as manifestações visuais contemporâneas.
Com patrocínio do Grupo CEEE, o livro é organizado pelo professor da UniRitter Paulo César Ribeiro Gomes, gerente artístico da galeria de arte da Fundação Ecarta. Reúne oito ensaios escritos a partir de pesquisas desenvolvidas por profissionais do ensino das artes com formação e trajetórias consolidadas: Armindo Trevisan, Susana Gastal, Maria Lúcia Bastos Kern, Paula Viviane Ramos, Neiva Bohns, Maria Amélia Bulhões Garcia, Blanca Luz Brites e Ana Albani de Carvalho. Com tiragem de 2,5 mil exemplares, o livro está à venda em livrarias especializadas (Cultura, Bamboletras, Palavraria, Koralle, Zouk, Londres, e lojas do Margs e do Santander Cultural).
Introduzido por um ensaio do organizador, os textos são ilustrados com reproduções de obras escolhidas em acervos públicos de artes do estado, de coleções de artistas e particulares, além de extensa bibliografia sobre o tema. De acordo com Paulo Gomes, a obra lança um olhar criterioso sobre as artes plásticas enquanto sistema, ou seja, procura reconstituir a história do processo de produção, dos seus atores e também do produto das artes plásticas. É a primeira obra especializada que sistematiza o estudo sobre a arte gaúcha. Contatos através do email: lahtusensu@lahtusensu.com.br
Extra Classe – Qual é a contribuição que Artes Plásticas no Rio Grande do Sul: uma panorâmica propõe?
Paulo Gomes – Mais do que resgatar a historiografia, esperamos que o livro, com sua visão panorâmica e cronológica, tenha o papel de despertar o interesse dos variados públicos, dos especialistas e dos futuros estudiosos para a produção plástica e visual no RS.
EC – Qual é o papel das instâncias de ensino na consolidação das artes visuais?
Paulo Gomes – Fundamental. A convivência com a idéia de cultura e de produção artística não é papel só dos ateliês e dos cursos de nível superior. Se a arte faz parte da vida das pessoas de inúmeros modos, a sua produção e a sua discussão também devem fazer. É evidente que temos que atender os limites de cada uma das instâncias, pois cada uma delas tem um papel a cumprir, mas o que não devemos dispensar é a participação ativa de todas, do Ensino Fundamental, secundário, pelas escolas e ateliês livres até a universidade.