Ilustração: Rafael Sica
Ilustração: Rafael Sica
O pior que pode acontecer é o que geralmente acontece.
Sê como o vândalo, que deixa fedendo o machado que o serve. Acreditem ou não: a verdade é que na Idade da Pedra havia pouquíssimas depredações.
Ocorre de tudo na vida. Mas o que mais ocorre é boletim de ocorrência.
Bendito o mar: sua onda de violência morre na praia, ao contrário da onda nas ruas, que mata no seco.
Ônibus e vans queimados por turbas em praça pública – eis o consciente coletivo.
Protestar é muito saudável.
Vejam a saúde dos cartórios de protestos.
Já que os partidos não se mexem,
o movimento apartidário sacudiu o país.
Quer ver o que é bom pra tosse? Invente de não desviar dos cassetetes às suas costas.
Digam o que disserem dos bêbados que bebem de tudo, mas nunca ninguém viu um deles com coquetel molotov na mão.
Bombas de efeito moral – essas sempre desmoralizam o ar.
No meio do cerco dos policiais é assim: se ficar, o cassetete come; se fugir, a bala de borracha pega.
A diferença entre um ato de baderneiro e uma ação pacifista são estilhaços e labaredas no local.
A insatisfação no país com os governantes só não é maior porque a estatura do brasileiro é mediana.
Atire a primeira pedra aquele que nunca protestou por melhorias no curso de geologia.
Patrimônio público.
Resiste mais ao vandalismo que ao abandono oficial.
Segundo o batalhão de choque, dá mais prazer bater em manifestantes do que bater em retirada.
Verás que um filho teu não foge à luta e, além dele, avistarás muitos outros massacrados.
Ao avaliar a situação nas ruas, a mídia é como um PM mal preparado: atira pra todo lado.
O problema da democracia, um regime de representação, é os eleitos representarem demais.
Nada mais mobilizador que a liberdade de expressão.
Por isso paus, pedras, fogo e bala se tornaram tão expressivos.
A esperança é a última que morre, e a primeira a ser mal-interpretada nas manchetes dos jornalões.
2013 já entrou para a história: o ano em que a História foi escrita em faixas e cartazes.