Arte: D3 Comunicação
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Mesmo antes de ser eleita, o que aconteceria em 1986, a oposição sindical no Sinpro/RS já representava, na prática, a direção da luta dos professores da rede privada no Estado. As questões econômicas e os debates da conjuntura política ocorriam na base, marcando a inserção da categoria no palco da história contemporânea do país.
MOBILIZAÇÃO – Num cenário de perdas salariais, os professores iniciaram o ano de 1986 com experiência acumulada na luta. Mais uma vez não houve acordo com o Sinepe/RS. Apesar da paralisação de 1985 não ter resultado em ganhos concretos significativos, sinalizou que a mobilização e a pressão constituíam o caminho para a defesa dos interesses da categoria. O grupo da Oposição Sindical formado pelos professores Marcos Fuhr, João Luiz Steinbach, Luiz Afonso Montini, Ingrid Schneider, Mara Cramer e Vanderlei Marostica tinha uma vida orgânica, com articulação nas escolas, reuniões semanais, edição de boletins, num trabalho sustentado inclusive com a cotização financeira entre os próprios integrantes. Foi assim que o grupo constituiu-se como direção política do movimento.
ELEIÇÕES – A atuação da oposição congregava professores de escolas de 1º e 2º graus, as universidades e o Senai, onde a oposição sindical fortaleceu-se com a liderança do instrutor Paulo Luiz Schmidt, que se tornou o vice-presidente na chapa Novo Tempo, vitoriosa na eleição. A nominata foi definida num processo aberto, a Convenção, em que 90 professores debateram o programa a ser implementado no Sindicato. A chapa foi a primeira a se inscrever e recebeu o número 1. Distante da categoria e da ordem do dia, a situação articulou uma chapa, recebeu o número 2 e tentou se passar por oposição. Inscreveu-se ainda uma terceira chapa tendo a ADPPUCRS como principal articuladora. A chapa Novo Tempo, encabeçada pelo professor Marcos Fuhr como presidente, venceu em segundo turno com a maioria simples dos votos. Entre o processo eleitoral, em setembro, e a posse da Novo Tempo, em 28 de outubro, seguia a luta por reajustes, pois as reivindicações ainda estavam para ser julgadas no TRT. Neste período, ocorreram paralisações no Colégio São Pedro, na PUC, todas apoiadas pela diretoria eleita.
A GREVE – O ano de 1987 começou com mais uma tentativa de estabilização da economia. Em 20 de janeiro, o presidente Sarney editou o Plano Verão e decretou a moratória da dívida externa. A inflação fustigava os salários de maneira alarmante. Acostumada a impor as regras, a assembleia patronal aprovou proposta que não repunha as perdas e ignorava reivindicações básicas, como os pisos, aviltando a dignidade da categoria. “Foi a gota d’água para a decisão de greve”, relembra o professor Marcos Fuhr. Numa assembleia geral, com mais de 500 professores, foi decretada a primeira greve geral dos professores da rede privada no RS. Foram 10 dias de paralisação que resultou num acordo que repôs a inflação e garantiu a definição.
Ao longo deste ano, o Extra Classe publicará fatos marcantes da história do Sinpro/RS.