A persistência das desigualdades regionais no Rio Grande do Sul – Parte 5
Ilustração: Pedro Alice
Ilustração: Pedro Alice
A educação tem sido um tema ‘ausente’ na agenda do desenvolvimento em nosso meio, embora esteja presente no discurso de agentes políticos, formuladores de políticas e pesquisadores.
Na realidade, o setor educacional tem ocupado um papel secundário nos planos de desenvolvimento regional, sendo caudatário dos esforços empreendidos na produção de bens materiais e infraestrutura.
Neste texto, queremos discutir o papel da educação no desenvolvimento das regiões estagnadas, privilegiando o Ensino Fundamental e o Médio, que são as maiores e mais urgentes necessidades dessas áreas.
Os índices educacionais das regiões deprimidas são caracterizados por alta incidência de analfabetos, embora tais indicadores venham caindo nas últimas décadas.
Nesse caso, estamos nos referindo também aos analfabetos funcionais, isto é, aquelas pessoas que não conseguem decodificar palavras e frases em um texto qualquer.
Essas regiões estão, portanto, desprovidas de um elemento essencial na construção do desenvolvimento, o ser humano com qualificação para o trabalho e o exercício pleno da cidadania.
A verdadeira superação do subdesenvolvimento regional passa obrigatoriamente por conceder à educação, com certa radicalidade, um papel indispensável, essencial e prioritário para reverter o quadro de declínio regional.
Os resultados desse esforço tendem a aparecer no médio e longo prazo. A priorização da educação nessas áreas deve representar uma cruzada para os governos municipais e estadual e para as comunidades envolvidas.
Colocar a educação no topo da hierarquia das prioridades exige sacrifício político e fiscal na medida em que se faz necessário gastar mais e melhor, no sentido de dotar as escolas das áreas mais pobres de recursos materiais e humanos adequados.
Com relação ao corpo docente, impõe-se a adoção de um vigoroso programa de atualização e progressiva adequação salarial repondo ao educador condições dignas de trabalho.
Do ponto de vista econômico, uma população educada não pode ser considerada apenas um fator de produção no processo de desenvolvimento, mas também um importante fator de atração de empreendimentos externos e elemento decisivo na competitividade regional.
Além disso, o alcance de padrões elevados de educação é condição essencial para a redução das disparidades interpessoais da renda.
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