A propósito da excelente matéria veiculada na edição 99 (jan/fev 2006) deste jornal, sinto-me no dever de tecer esses breves comentários.
Desde os anos 70, vi nascerem, crescerem e esvaírem diversos modelos de ensino-aprendizagem: ensino programado, método Keller, método áudio-tutorial, entre outros. Depois vieram as teorias de aprendizagem. Os precursores Piaget, Ausubel e Gagne e o ícone da modernidade, Vigotski. Uma lamentável constatação é que depois que a moda passa, a absorção desses métodos e dessas teorias na prática pedagógica cai a um nível insignificante.
Com a EaD observa-se um fenômeno semelhante através do agravante da interferência de gigantescos interesses financeiros, como bem relatou Stela Rosa na matéria supracitada. EaD virou moda e alvo de exploradores de todos os naipes. É surpreendente a audácia com que muitos se aventuram nessa área. Quando se encara o problema com a seriedade que ele exige, vê-se fácil e claramente que ainda estamos engatinhando. Temos, contudo, muitas experiências sérias em pequena escala. Recentemente o MEC abriu um edital nacional para oferta de licenciaturas na modalidade EaD. No RS formou-se um consórcio com a participação de instituições de Ensino Superior públicas e comunitárias (CEFET/RS, FEEVALE, Furg, PUC, UCS, Uergs, UFPel, Ufrgs, UFSM, Unisc, Unisinos, UPF). É um projeto para a formação de mais de 4.000 professores de biologia, espanhol, física, inglês, matemática, português e química, em três etapas. Essas instituições representam o que há de mais avançado em pesquisa na área de EaD. Mesmo assim, temos plena consciência da limitada experiência adquirida na oferta de cursos para uma população com essa dimensão. O cuidado com o qual estamos cercando a implementação do projeto, envolvendo profissionais com larga experiência em EaD, felizmente contrasta com o preocupante quadro apontado por Stela Rosa.