Diziam que os ingleses tinham conquistado o mundo para fugir do seu clima, da sua comida e das suas mulheres. Em certos lugares remotos onde, segundo Noel Coward, só ingleses e cachorros loucos saíam ao sol do meio-dia, os cachorros tinham a desculpa da loucura, mas quem entendia os ingleses? Estavam purgando do organismo gerações e gerações sem sol, obrigadas a comer comidas e mulheres insossas. A alegria de um inglês no deserto, mesmo cercado de beduínos furiosos, era proporcional aos anos que seus antepassados tinham penado em casa, antes do império.
O clima inglês continua o mesmo, mas a comida e as mulheres melhoraram muito. Não sei se foi conseqüência ou causa da perda do império, mas vão longe os dias em que você caminhava em Londres boiando no cheiro da gordura de carneiro. Em que se dizia que os ingleses tomavam tanto chá para tentar esquecer o almoço e que o costume de executar criminosos na forca depois de lhes dar como última refeição um típico jantar inglês provocou tantos protestos de grupos humanitários que o jantar foi abolido. E a típica mulher inglesa era grande, angulosa e algo eqüina, se chamava Fiona, preferia jardinagem ao sexo, mas provavelmente fora amante da Vita Sackville-West. O padrão antigo mudou nos anos 60 quando a típica inglesa diminuiu de tamanho, ficou mais arredondada e passou a usar minissaia. Hoje, algumas das mulheres mais bonitas do mundo são inglesas. Elas têm aquela pele que só se consegue com anos de cuidados como os que os ingleses dedicam à sua grama.
O único inglês que aparentemente ainda prefere o modelo antigo (e, certamente, tempo úmido, carne cozida com geléia e cerveja morna) é o príncipe Charles.