“Apenas 16% da população brasileira lê livros. É pouco, mas significativo. Porém, devemos trabalhar para aumentar esse percentual. O livro deve ser a base do desenvolvimento de um país e não pode ser considerado uma questão secundária. Se esperamos que o Brasil tenha uma posição de destaque entre as nações, o fundamento disso está nos livros. Não há área do pensamento humano que se desenvolva sem os livros.”, foi com essa declaração emocionada que Donaldo Schüler, de 72 anos, escritor, tradutor e professor, discursou no durante a cerimônia que o anunciou como o sucessor de Walter Galvani na posição de patrono da 50a Feira do Livro de Porto Alegre.
Apesar de uma vida dedicada à literatura, o novo patrono da feira ganhou notoriedade fora do estado e do país recentemente, depois da bem-sucedida tradução do dificílimo Finnegans Wake, do escritor irlandês James Joyce, considerado por muitos como intraduzível. Com esse trabalho, recebeu o prêmio de melhor tradução em 2003, da Associação Paulista de Críticos de Arte. Ele já havia sido agraciado anteriormente com a Comenda do Infante D. Henrique, Portugal, 1974; Medalha de Mérito concedida pela Comissão Estadual para Celebração do Centenário da Morte de Cruz e Souza / SC, em 1998; Prêmio John Jameson 2000, em Bloomsday, por sua contribuição à difusão da cultura irlandesa no Brasil; Medalha Negrinho do Pastoreio, concedida pelo Governo do Estado/RS, 2002. É sócio-fundador da Associação Gaúcha de Escritores, da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos e da Associação Brasileira de Literatura Comparada. Entre os ensaios publicados, Aspectos estruturais na Ilíada, A dramaticidade na poesia de Drummond, A poesia modernista no Rio Grande do Sul, Eros: dialética e retórica, Heráclito e seu (dis)curso e Origens do discurso democrático. Em ficção publicou A mulher afortunada, O tatu, Chimarrita, Império Caboclo e Refabular Esopo. Em poesia, é autor de Martim Fera e A essência da mulher. Além de Finnegans Wake, de James Joyce; traduziu Antígona, de Sófocles; Édipo em Colono, de Sófocles; e Sete contra Tebas, de Ésquilo.
A FEIRA – Entre 29 de outubro e 15 de novembro um dos mais tradicionais eventos da capital gaúcha comemorará seus 50 anos: A Feira do Livro. Trata-se do maior encontro literário da América Latina realizado a céu aberto. Os organizadores esperam que neste ano o público supere o registrado em 2003, que passou de 1,8 milhão de pessoas que circularam pela Praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre.
Entre os convidados internacionais que devem participar da Feira está o filósofo francês Jean Baudrillard, conhecido crítico da pós-modernidade. No plantel nacional de celebridades e escritores já está confirmada a vinda de Washington Olivetto, Fernando Morais, Silviano Santiago, Salim Miguel, Heloísa Buarque de Holanda, José Miguel Wisnik, Arnaldo Antunes e Ziraldo. Os autores estarão na Praça da Alfândega participando das atividades e trocando experiências com o público.
Terreno arenoso.
O ensino por ciclos tem gerado muita polêmica no meio educacional. O mais recente livro da ex-deputada federal e ex-secretária de Educação de Porto Alegre a doutora em Educação Esther Pillar Grossi traz em suas páginas críticas e sólida argumentação com respeito a essa modalidade. Para Grossi – que teve em sua gestão do ensino municipal de Porto Alegre – , o reconhecimento internacional do Unicef, atrás de toda prática, deve haver um conjunto de idéias, que podem resultar em uma teoria. Porém, na sua opinião, essa prática só será eficaz se no seu suporte estiverem as idéias adequadas, articuladas e consistentes. Faltariam esses requisitos ao ensino por ciclos, conforme está aplicado Brasil afora atualmente. Muito apropriadamente o livro se chama Como areia no alicerce (Paz e Terra, 148 páginas) e literalmente põe areia na justificativa dos que defendem os ciclos. Livro bem interessante para basear debates em escolas de todas as redes, em especial entre gestores de instituições privadas que implantaram o sistema de ciclos às pressas sem nem ao menos entender do que se tratava.www.pazeterra.com.br
Literatura infanto-juvenil
A editora espanhola SM, fundada há mais de 60 anos, chega ao Brasil com ambição de ser líder em seu segmento. No seu país de origem lidera o mercado na área de publicações escolares (didáticas e paradidáticas) e literatura infantil e juvenil. Já atua há algum tempo no Chile, México e Argentina. Para dar o pontapé inicial, a editora lançou logo de cara 23 títulos como parte de uma coleção intitulada Barco a Vapor com autores e ilustradores de diversas nacionalidades: ingleses, alemães, italianos, espanhóis, israelenses, argentinos e mexicanos. Além desses, nove são brasileiros. A editora também está lançando um concurso literário com o mesmo nome da coleção. Além da publicação da obra o ganhador receberá um prêmio de R$ 30 mil. Maiores informações (11) 3847 8920edicoessm@gruposm.com. Ao lado, a capa da reedição de Chiquinho, quinta-feira (SM, 103 páginas), cuja primeira publicação data de 1985, da autora paulistana Liliana Iacocca e ilutrações de Michele Iacocca ressurge em nova versão revista e ampliada. Liliana é autora de mais de 70 livros infanto-juvenis e o marido, Michele, já ilustrou mais de 100 obras.
Pensamentos complexos.
A coletânea de textos intitulada Ensaios de Complexidade 2 (Editora Sulina, 310 págnas) reúne um time invejável de pensadores contemporâneos. São eles Edgar Morin, Ilya Prigogine, Jean-Louis Le Moigne, Emilio Roger Ciurana, Basarab Nicolescu, Henri Atlan, Helena Knyazeva, Roseli S. Wendemann, Auterives Maciel, Danielle Quintella Mendes, Luiz Alberto Oliveira, Elyana Yunes, Wanda Maria Maranhão Costa Luís Alfredo V. de Carvalho, Hélene Trocmé-Fabre, Mauro Ceruti Ricardo S. Kubrusly e Maria da Conceição de Almeida. Conforme os organizadores Edgard Assis de Carvalho e Terezinha Mendonça as aventuras intelectuais não teriam começo nem fim. Seriam como novelos que se desenrolam fora do tempo e da linearidade dos desfechos. Eles pretendem demonstrar com os 20 textos contidos neste volume que inteligência coletiva e inteligência conectiva formam um só jogo compreensivo, que seria o da busca incessante do complexo.www.editorasulina.com.br
Filosofia para leigos.
Perguntas como: “o que devo fazer?” e “o que posso fazer?” são questões que fazem parte do dia-a-dia das pessoas. Partindo do pressuposto que a filosofia moral e ética não são assuntos que devam interessar apenas a filósofos, Monique Canto-Sperber e Ruwen Ogien (ambos da Presse Universiteires de France) escreveram para o público leigo Que devo fazer? – A filosofia Moral (Editora Unisinos, 127 páginas). A obra é traduzida do original francês La philosophie morale por Benno Dischinger. O livro faz parte da coleção Aldus. Informações:editora@unisinos.br
Didática do dia-a-dia.
O livro Pedagogia da vida cotidiana e participação cidadã (Cortez Editora/Instituto Paulo Freire, 110 páginas), de César Muñoz, investiga a socieade chamada pelo autor de adultocêntrica, assim como o conceito de que o futuro pertence às crianças e adolescentes. Para Muñoz, essa é uma maneira de deixá-los na sala de espera sem maior participação na construção de suas vidas pessoal e coletiva num aguardar pela futura inserção no mundo adulto. O autor é pedagogo e sociólogo, nascido no Marrocos e erradicado na Espanha.
Informações: cortez@cortezeditora.com.br.