Envolver professores, funcionários, alunos e dirigentes das instituições de ensino privado no debate sobre a Reforma da Educação Superior, proposta pelo MEC, é um dos objetivos do Sinpro/RS com a realização de um ciclo de painéis sobre o assunto em todo o Estado, a partir deste mês, em parceria com as instituições de ensino privado. A idéia é aprofundar as discussões e avaliações sobre a proposta do MEC, tendo o ensino privado também como foco. A programação dos painéis será divulgada no site www.sinprors.org.br. O projeto da reforma deve ser encaminhado ao Congresso Nacional em novembro.
“Questões como plano de carreira, democratização, financiamento, autonomia, qualidade, acesso e permanência devem ser exaustivamente debatidos”, observa Amarildo Cenci, diretor do Sinpro/RS. “Esses temas não estão abordados de forma clara e efetiva na proposta do governo e refletem diretamente na qualidade da educação que a reforma propõe. Implementar as diretrizes propostas, aliás, com que concordamos, só será possível se forem viabilizadas discussões sobre a gestão e a estrutura das instituições.” Cenci lembra também da importância da criação de um Sistema Nacional da Educação Superior que englobe a Educação Superior pública e privada, estabelecendo nesta também um marco regulatório.
Foto: René Cabrales
Foto: René Cabrales
O primeiro encontro, promovido pelo Sindicato no sábado, 21 de agosto, em Porto Alegre, contou com a presença de cerca de 70 professores de várias instituições. Estiveram presentes a reitora da Ufrgs Wrana Panizzi; o Pró-reitor Administrativo da Unisc Vilmar Tome, representando o Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung); a pró-reitora de Graduação da PUCRS Solange Medina Ketzer; e a pró-reitora de Ensino da Uniritter Beatriz Tricerri Felippe. O que reformar e por que reformar foi a tônica das discussões, sempre permeada pela realidade da educação superior no Brasil: apenas 9% de estudantes de 18 a 24 anos estão neste nível de ensino. No Rio Grande do Sul, o percentual sobe para 12,8%.
ESTRATÉGIA – “Temos de trabalhar com uma concepção de educação constitutiva com o projeto de desenvolvimento de Nação”, destacou a reitora Wrana Panizzi. Aliás, avaliação unânime dos participantes. O professor Vilmar Tomé apresentou a dinâmica das Universidades Comunitárias do Rio Grande do Sul (associadas ao Comung). O Comung está apresentando ao MEC a experiência e as realidades dessas instituições de ensino. “Trata-se de um modelo ‘sui generis’”, destacou, observando que se trata de instituições públicas não-estatais. Para a pró-reitora Solange Medina Ketzer, a reforma deve estar respaldada em profunda reflexão sobre a qualidade do ensino da graduação e do destino da universidade no Brasil. A pró-reitora da Uniritter Beatriz Felippe destacou pelo menos três “patologias” da educação superior que devem ser sanadas pela reforma: falta de identidade, acesso e permanência e produção universitária elitista. Para o diretor do Sinpro/RS, Marcos Fuhr, uma das necessidades é regularizar os planos de carreira oferecidos pelas instituições de ensino privado. “A maioria dos estabelecimentos de ensino diz que tem plano de carreira, mas são mais para cumprir com a legislação educacional. Não se constituem de fato numa conquista trabalhista dos professores.”
No dia 30 de agosto, o Sinpro/RS realizou, em parceria com a Unisc, DCE/Unisc e Comung, um debate em Santa Cruz do Sul sobre o assunto.