CULTURA

Verbos de verdade

César Fraga / Publicado em 17 de junho de 2002

Dividir a autoria de obras de ficção não chega a ser algo inédito, mas no mínimo incomum. Os estreantes gaúchos Claudio Santana e Clarisse Müller optaram por esta forma de escrever em Veroverbo (Editora AGE, 205 páginas, R$ 15,00). Embora o título faça parecer que se trata de uma obra concretista, passa longe. O livro foi selecionado em primeiro lugar no Fumproarte e teve seu lançamento no dia 28 de maio na Siciliano do Moinhos Shopping, em PortoAlegre. Para os autores o livro é uma espécie de Caixa de Pandora, uma vez aberto deixa escapar uma legião de paixões, inquietações, ternuras, dúvidas, angústias, indignação e até mesmo lampejos de felicidade. Não conseguem definir o tipo de literatura que fazem, ou talvez não o queiram. Preferem deixar para os outros esta incumbência. Para eles trata-se de exercícios incomuns de linguagem, fluxos de consciência, fragmentos que se aproximam da prosa poética. Mas Charles Kiefer, que assina a orelha do livro, define os textos de Claudio e Clarisse como contos. Textos que apresentam equilíbrio entre forma e expressão, circulares, concisos, porém contos. A opção por fazerem questão de omitir a autoria específica de um e outro texto é também forma de expressão. Para eles a totalidade da obra supera e diminui a importância de uma identidade particular, como uma forma de contraponto à época de individualismo na qual vivemos.

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