Corta para o Brasil de hoje – ou, pensando bem, para qualquer país do mundo atual. Idiota, lhe dirá qualquer eleitor desencantado, é quem se deixa levar pela política e pelos políticos. Houve um momento, na história recente da Humanidade, em que “idiota” perdeu seu sentido de infenso à política e ganhou seu significado moderno de ludibriado pela política. Não dá para precisar quando isso aconteceu no Brasil. O desencanto com políticos talvez tenha começado, ou pelo menos se agravado, com a renúncia de Jânio Quadros. As frustrações de hoje são apenas as mais recentes de uma sucessão de blefes que foram liquidando com nossas forças cívicas. Assim como a falta de calorias vai nos imbecilizando, a privação política vai nos idiotizando. Muita gente gostaria de resgatar o significado original da palavra para poder dizer que é idiota no bom sentido, no sentido de quem só se interessa pela administração do próprio umbigo.
“Blefe”, eis outra palavra de múltiplos sentidos. No pôquer, blefar significa dar a entender que se tem cartas na mão que realmente não se tem. Fora do pôquer, o “blefe” perde a sua, digamos assim, respeitabilidade. Geralmente é aplicado a pessoas que não são o que pareciam ser. A história política do Brasil tem sido a de um blefe depois de outro.