Mais recursos ajudam a preservar Bacia do Camaquã
O projeto, que ganha novo impulso através do convênio com o governo do Estado, existe desde 1994 e tem realizado o diagnóstico ambiental na área biológica fazendo o levantamento de recursos como mata e fauna, espécie em desaparecimento, espécies endêmicas e suas localizações
Um convênio assinado entre a Unisinos e o governo do Estado vai viabilizar a ampliação do projeto de preservação da Bacia do Camaquã coordenado por pesquisadores da universidade. Envolvendo também o Conselho dos Povos Índigenas, o convênio prevê, além do repasse de recursos no montante de R$ 109 mil para os primeiros 18 meses de pesquisa, a adesão de técnicos do Programa Mar de Dentro, o que significa a participação de técnicos da Fepam, Ibama, Fepagro e Emater. Coordenador do projeto, o professor Henrique Carlos Ferstenseifer, do Centro de Ciências Exatas da Unisinos, diz que a idéia é fazer um diagnóstico amplo da região da Bacia do Camaquã, uma extensão de 17.748 quilômetros quadrados que se expande pelos municípios de Caçapava, Lavras do Sul, Bagé, Santana da Boa Vista, Encruzilhada, Amaral Ferrador, Cristal e Camaquã. Segundo Ferstenseifer, o projeto, que ganha novo impulso pelo convênio assinado com o governo do Estado, existe desde 1994. “Temos realizado o diagnóstico ambiental na área biológica fazendo o levantamento de recursos como mata e fauna, espécie em desaparecimento, espécies endêmicas e suas localizações”, diz Ferstenseifer. O trabalho vai avançar também pela área física sob o ponto de vista geológico, contemplando aspectos como características do solo e seu mau uso e a conseqüente detecção de áreas de erosão. A preocupação com a região também está associada à possibilidade de plena utilização do potencial da área para o ecoturismo. O projeto prevê ainda o levantamento de características de águas superificiais e subterrâneas e dos aspectos sócio-econômicos, entre os quais se incluem distribuição fundiária, aspectos de produção, tratamento de lixo e esgoto.
“Fomos aquinhoados com verbas que permitirão o desenvolvimento de projetos destinados a dez áreas de destaque ambiental. Essas áreas são marcos históricos e culturais, paisagens dignas de um aprofundamento maior em termos de pesquisa.” Ferstenseifer sabe que para a viabilização plena do projeto é necessária a participação efetiva da comunidade da região, incluindo as populações índigenas. “Precisamos saber se há um interesse real dessa parcela da população em colaborar com o projeto.” Parte do projeto prevê a utilização, dentro dos princípios de suntentabilidade, “daqueles setores que possam gerar desenvolvimento em torno do ecoturismo e do turismo de lazer”. Além disso, o projeto de preservação da Bacia do Camaquã representa a possibilidade de “rever o chamado Parque do Camaquã, criado em 1975 por decreto estadual e nunca implementado e efetivado”. A participação comunitária, conforme Ferstenseifer, na discussão do projeto e gerenciamento da área, “numa gestão participativa”, é uma necessidade.
Dentro da mesma região havia sido definido um parque da Funai com 1.700 hectares, adjacente à área da Bacia do Camaquã. Nessa área há a proposta de implantação de unidades de conservação com a devida participação da comunidade local e população indígena da região. “Quem melhor conhece a mata e espécies silvestres são os próprios indígenas. Resta saber se os indígenas querem se agregar a este projeto, se a comunidade consegue preservar e proteger sua região. Para isso contamos com a parceria do Conselho Estadual dos Povos Indígenas.” Dentro dessa preocupação insere-se a participação da Associação dos Usuários do Arroio Duro. Ferstenseifer considera a verba de R$ 109 mil um custo relativamente pequeno em comparação com a signficância do projeto e com o fato de que esse custo será diluído entre as diversas entidade participantes da preservação da Bacia do Camaquã.