Durante o final de agosto e os primeiros dias de setembro, Passo Fundo sediou o VIII Colóquio Nacional e VI Internacional de Educação popular (30/08 a 01/09). Cerca de 2.500 professores e estudantes participaram dos debates e dos cursos realizados sob o tema “A educação popular e a construção dos outros quinhentos”. O evento promovido pelo Sinpro/RS e Cpers/Sindicato teve por objetivo discutir os rumos da educação nas camadas mais carentes da população brasileira, diante das atuais políticas públicas e da realidade tanto sócio econômica como de mercado de trabalho.
Com início no dia 30 de agosto, foi inaugurado o Marco de Resistência Popular, um monumento que foi festejado com apresentações de teatro de rua e participação da comunidade.
Durante todas as noites havia uma presença se não em espírito, em pensamento. Um nome era sempre citado e retomado a cada painelista que se revezava ao microfone. Trata-se do mentor da educação popular no brasil, Paulo Freire. Newton Fischer, da UFRGS, durante sua intervenção citou o mestre várias vezes e recordou situações em que ambos estiveram juntos em Porto Alegre, para ilustrar o tema de seu debate e a atualidade dos ensinamentos de Freire, rebatendo os teóricos que o consideram ultrapassado. Também Zuleide Araújo Teixeira, de Brasília, especialista em tecnologia e trabalho e assessora do bloco de oposição do Senado Federal atentou para a falta de políticas públicas e das contradições causadas pelo modelo de educação pregado pelo Ministério da Educação. Criticou a forma como o governo FHC concebe o ensino público e lamenta que o Brasil esteja tão atrasado neste sentido, pois ao submeter-se a cartilha neoliberal e globalizante, acaba por condenar a educação brasileira a interesses do capital internacional. A pedagoga citou o exemplo da Índia que graças ao crescimento econômico conseguiu resultados surpreendentes na redução da pobreza. “Só a quantidade de indianos que saíram da faixa da miséria, quase corresponde ao total da população brasileira”.
(Texto e fotos César Fraga)