OPINIÃO

Missão: educar

Por que os alunos de hoje ainda acham as aulas chatas e sem graça?
Por Sandro R. Cossetin* / Publicado em 10 de outubro de 2013

Quando éramos crianças, olhávamos o desenho animado Os Jetsons que colocavam um foguetinho nas costas e se deslocavam voando até o local desejado. Ficávamos, então, imaginando “quando será que este futuro vai chegar? Ano 2000? 2050?” Chegou antes. Ainda não dispomos de foguetinhos para ir à escola ou até a empresa. Temos mais (ou menos) que isso: sequer precisamos sair de casa para frequentar um curso ou trabalhar. Nesse contexto, a rotina da escola, a dinâmica da sala de aula, foi forçada a mudar o ritmo. E a sociedade, a exigir a revisão de um novo conceito de cidadão e de diferentes configurações e relações familiares.

Os novos recursos didáticos desacomodaram os professores para além da sua formação, dos seus princípios e conceitos: as opções de multimídia passaram a auxiliar a abordagem dos conteúdos pela apresentação de imagens e sons, enriquecendo as aulas num contraponto radical com o tradicional livro didático, da enciclopédia e das folhas mimeografadas. O ambiente da sala de aula também tem uma nova roupagem para possibilitar o uso de toda esta gama de tecnologia e informação, que também cabem no bolso, no celular ou no tablet.

A relação entre professor e aluno também mudou muito, especialmente a postura do professor diante da turma. Para se conseguir atenção, e se possível, compreensão, alunos acabam exigindo apresentações quase que circenses e teatrais do professor. Sim, porque o “conteúdo” está na internet. Pode ser acessado pelo aluno em casa ou no próprio celular. O educador, assim, torna-se ora um cômico, ora um dramático, já que o aparato tecnológico nem sempre é suficiente para conduzir o processo pedagógico com êxito.

Por que então os alunos de hoje ainda acham as aulas chatas e sem graça? As de antigamente certamente eram menos interessantes que as atuais, mas os alunos estavam na sala de aula com a expectativa de assistir a um grande show cuja promessa estava para além das informações, relevantes ou não, que hoje dispõem em seus computadores. Os alunos ali estavam por que desejavam aprender com os professores e, para isso, a ordem, o silêncio e o respeito eram primordiais. Os pais, por sua vez, ensinavam em casa e acompanhavam seus filhos na escola esperando uma continuidade ou aprimoramento às suas lições. As instituições família e escola não eram concorrentes, mas parceiras e dialogavam para a formação do futuro cidadão.

Hoje, família e escola parecem caminhar em direções diametralmente opostas, e os filhos, sem ligações afetivas nem com uma nem com outra, num abismo de referências, caminham para onde querem, como querem, com quem querem ou para onde a televisão e a internet conduzi-los.

* Professor – E.T.E. 25 de Julho.

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