Como o professor deve agir no caso de ter uma adolescente grávida em sala de aula?
Foto: Divulgação/Fiocruz
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Dados da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre informam que 25% das gestações no Rio Grande do Sul ocorrem em mulheres com menos de 20 anos.
A ginecologista Soraia Schmidt, coordenadora do Programa de Atenção Integral Saúde do Adolescente (Paisa), alerta que a gravidez na adolescência é considerada de alto risco, não por motivos médicos ou biológicos, mas sociais. Isso porque não é planejada e muitas vezes nem desejada.
“Negam ou escondem por muito tempo, retardando ou não realizando o acompanhamento pré-natal, o que pode levar à falta de tratamento de possíveis problemas durante a gravidez”, comenta, explicando que os mais comuns nessa faixa etária são pré-eclâmpsia, anemia e retardo de crescimento intrauterino do bebê.
Na avaliação de Soraia, outro problema de ordem social é que algumas meninas param de estudar, comprometendo assim suas possibilidades de ascensão socioeconômica. Isso sem falar que a adolescência já se caracteriza, normalmente, como um período de crise e busca de identidade.
“Se a gravidez já é difícil para uma mulher madura, imagina nessa fase em que, muitas vezes, a adolescente fica sozinha porque a família não apoia e o namorado ou possível pai não assume”, pondera.
A psicóloga Maria Célia Detoni enfatiza que o professor faz parte do contexto da escola e suas atitudes não serão, portanto, diferentes das tomadas na instituição. Ou seja, tudo dependerá de como o colégio trata dessas questões: “Quais os preconceitos, hipocrisias ou quais os acolhimentos da escola?”, enumera a psicóloga.
“Falar da sexualidade, da vida, da morte e da concepção não pode ser um programa, uma disciplina, mas algo inserido na rotina da escola”, avalia Maria Célia, acrescentando que isso também pode criar várias opções para os estudantes terem outra postura com seu corpo.
Para ela, cabe ao professor a tarefa de não julgar, revisar seus conceitos, falar abertamente com seu grupo de alunos e estudante grávida, assim como recomenda a promoção de atividades de aprendizagem a respeito dos sentimentos que estão sendo despertados.
Poderia ser, para ela, um chá de fraldas, uma aula de biologia, português ou de história, abordando a história das mulheres, da maternidade, da paternidade. “Uma postura sem preconceitos, uma boa dose de criatividade e uma escola acolhedora podem auxiliar o professor nesta tarefa”, analisa a psicóloga.
A coluna Pergunta de Mestre é publicada mensalmente pelo Extra Classe. Suas questões podem ser encaminhadas pelo e-mail comunica@sinpro-rs.org.br ou pelo telefone (051) 211.1150