Atraso no pagamento dos salários acirrou ânimos numa das maiores universidades privadas do estado. Direção culpa computadores
O atraso nos salários durante dois dias serviu como um sinal de alerta para professores e funcionários da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil). Os telefones do Sinpro foram acionados por docentes preocupados com a situação e a Associação de Professores da Universidade também teve de entrar em campo em busca de respostas para a sistuação.
A direção da Ulbra já é conhecida por ser fechada e não dar muito espaço para explicações. Mesmo assim, as entidades representativas das categorias funcionais procuraram saber o que estava acontecendo, pois atraso em salários não é compatível com a imagem empreendora da universidade, que aposta pesado em marketing.
A maioria das escolas pagam seus pofissionais até o último dia útil do mês. Era o caso da Ulbra, até o ano passado. Mas com a perda da filantropia essa política mudou e o pagamento passou a ser feito no dia 5 do mês subseqüente. Até que houve o atraso, deixando mais confusos (e desconfiados) professores e funcionários acostumados a testemunhar investimentos pesados fora da área educacional.
Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS, procurou a direção da universidade para saber o que estava acontecendo. Conseguiu falar por telefone com o pró-reitor de Administração, Pedro Menegat, que lhe garantiu o depósito dos salários no dia seguinte. O que não aconteceu. A procura por informações se choca com o medo de represálias e, em razão disso, muitos professores reclamaram para sua entidade de classe sem se identificar.
A direção do Sinpro/RS mandou uma carta para os cerca de dois mil professores ligados à rede Ulbra para repassar as informações obtidas. O atraso ultrapassou o limite estabelecido em Convenção Coletiva entre os sindicatos dos professores e o patronal. Como os salários foram pagos apenas no dia 7 de julho, os professores são credores de multa de 1%, o que até agora não foi pago. Além de se solidarizar com a categoria, o Sinpro/ RS ressaltou o compromisso de se empenhar pelo pagamento da multa.
“Não nos surpreendeu oocorrido, uma vez que vimos acompanhando a política de contenção de despesas da instituição. Mas se constitui sem dúvida uma contradição inaceitável que se preconizem as condições de vida dos professores em função de outras prioridades que saltam aos olhos de toda a sociedade”, manifesta o Sinpro/RS na carta. “A Ulbra, que é este império, não paga as reuniões pedagógicas para os professores da sua rede de escolas”, afirma Marcos Fuhr.
Cláudia Groenwald, presidente da Associação dos Docentes da Ulbra (Adulbra), informa que a categoria se assustou com o atraso de salários. “Foi um baque porque não fomos avisados; sempre pagaram no dia 30 e, ano passado, passaram a pagar dia 5”. Cláudia explica que, como a procura dos colegas pela associação foi grande, ela foi até a Reitoria obter informações. Recebeu de Pedro Menegat a alegação de que houve um problema com o banco, sendo necessária a transferência de uma instituição bancária para outra, que o episódio nada tinha a ver com a perda da filantropia e a garantia de que a situação não se repetiria.
“Só posso dizer que existe uma preocupação grande com o fato”, afirma a dirigente, lembrando que em fevereiro, durante as férias, também houve o atraso de um dia nos salários. “Eles teriam de pagar antes do profissional sair, mas disseram que aconteceu um problema e pagaram no dia das férias”.
A direção da Ulbra justificou, por meio de sua assessoria de imprensa, que houve problemas no processamento da folhade pagamento. Ulbra e Banco do Brasil possuem um sistema integrado. O dinheiro da universidade em todo o Brasil é recolhido para o caixa único de Canoas. Ainda segundo a assessoria, este mês houve uma pane no sistema.
Cláudia Groenwald ouviu dos dirigentes da instituição que a Ulbra atravessa uma crise financeira. Mas a assessoria de comunicação nega o fato, informando que o acontecimento nada tem a ver com crise.