Ana Cecília e suas crias literárias: “idéias borbulhando na cabeça”
Era uma vez uma menina de Lajeado que estava na terceira série primária. Todos os dias, pouco antes de terminar a aula, sua professora, “Tia Mimi”, contava uma história. A menina era Ana Cecília Togni, a mais velha de oito irmãos. Assim que chegava em casa, tratava de reproduzir para os menores as aventuras que ouvira. Mas, como “quem conta um conto aumenta um ponto”, ela criava asas e fazia lá as suas adaptações.
O tempo foi passando e as crianças virando gente grande. Sem demora, os irmãos começaram a trabalhar fora e a se casar. Os sobrinhos, claro, foram chegando e as cenas de sua infância se repetindo: ela continuava encantando os pequenos com personagens e peripécias. Porém, deixou de fazer apenas adaptações a textos conhecidos. Passou a inventar as suas próprias histórias, inteiras.
Mesmo depois, enquanto cursava Matemática na Ufrgs, em Porto Alegre, Ana Cecília nunca deixou de andar às voltas com suas criações literárias. Formada, voltou à cidade natal para dar aulas no ensino fundamental e também no terceiro grau. Até que, no início dos anos 90, durante uma gincana, ela conheceu um jornalista recém formado que começava a carreira com uma pequena editora. “Eu, brincando, perguntei: o que tu editas?”, recorda, orgulhosa da própria coragem. O editor respondeu que a sua experiência era com jornais e revistas, mas ela não perdeu tempo: “que tal editar um livro de histórias infantis?” Resultado: Histórias da Tia Chica foi lançado em 1992 e Bichinhos de infância um ano depois.
De 1994 ao final de 1996, Ana Cecília, empenhada em um mestrado em Educação, não publicou livros. Apesar disso, não parou de escrever e, ocasionalmente, histórias suas circulavam no caderno infantil do jornal de Lajeado, Informativo do Vale. No final de 1996, com seis histórias prontas, idealizou a série de quatro edições das Histórias da Tia Chica. Lapine e Lapinova e O menino e as borboletas já estão nas livrarias e bancas e os outros dois na fase de ilustração. Aliás, esses trabalhos têm um detalhe especial a mais. O ilustrador é o artista plástico Marno César Cemin, de Encantado, ex-aluno de Ana Cecília.
Depois de 25 anos de ensino médio estadual e 20 anos de ensino superior, a autora deixa muita gente intrigada. “Quando eu chego em uma escola, as pessoas perguntam: mas que paradoxo é esse, um professor de Matemática trabalhar com literatura infantil?”. A explicação de Ana é clara: a Matemática é uma escolha de vida – tanto que está finalizando um livro de Matemática Financeira para ser publicado ainda este ano – e as histórias ficam borbulhando na sua cabeça. Fazer o que, né?
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