A jornalista Ana Amélia Moraes Souto procurou a subcomissão da Assembléia para reclamar que foi enganada pela direção política do RS Emprego. Ex-funcionária da CEDIC (extinta em dezembro de 1995) e filiada à 2º zonal do PMDB em Porto Alegre, contou que, em fevereiro de 1996, assumiu a coordenação executiva do projeto com a missão de promover as Oficinas de Emprego no interior do estado. Entre março e maio daquele ano, viajou por 41 cidades, rodando um total de 21,7 mil quilômetros. Ana Souto desenvolveu o trabalho enquanto aguardava a nomeação em cargo de confiança no setor de Comunicação Social, vinculado à Casa Civil. O compromisso havia sido assumido pelo chefe de publicidade, Fernando Lemos. Ela ganharia R$ 1,5 mil mensais, mais diárias para viagens.
Em seu roteiro pelo interior, Ana Souto era acompanhada por uma equipe de apoio contratada pela agência Centro de Propaganda. Os técnicos viajavam numa Kombi. Ela tinha um automóvel Tempra com motorista e um telefone celular à disposição. A agência era responsável pela decoração das Oficinas de Emprego, enquanto Ana fazia contatos com representantes da comunidade e da imprensa. Sua missão era levar o maior número possível de pessoas aos atos de inauguração. “Quando os secretários chegavam e achavam que tinha pouca gente, a cobrança era muito forte”, recorda.
Nesse período, a jornalista pagou as despesas com alimentação e hospedagem com o dinheiro da indenização recebida após 18 anos de trabalho na CEDIC. No final de quatro meses, não havia recebido nenhum tostão por seu trabalho. E o cargo no setor de publicidade ficou na promessa.
Depois de um ano de luta para cobrar pelos serviços prestados, e de recorrer a tratamento médico para se recuperar do desgaste emocional, Ana recebeu R$ 6 mil, em quatro parcelas de R$ 1,5 mil. A primeira foi depositada na sua conta bancária através de um cheque da Centro de Propaganda. As outras três poucos dias depois, em dinheiro vivo.
Hoje, ela ainda reclama as diárias não ressarcidas, que segundo seus cálculos, com juros e multas chegariam a R$ 18 mil. Também pensa em processar o Estado. Segundo ela, a demissão da CEDIC foi fraudulenta, já que continuou exercendo funções no governo.