Afinal, educação é ou não é mercadoria? O debate internacional acerca da proposta da OMC em enquadrar os serviços educacionais de nível superior como bens de serviço comercial está apenas começando. O Governo brasileiro, por sua vez, não se pronunciou, e, se não o fizer, aceita por omissão. De um lado, nomes respeitáveis, como José Arthur Gianotti, defendem que educação é mercadoria desde que os sofistas começaram a cobrar por suas aulas, de outro, a deputada Esther Grossi, presidente da comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que é contra, quer retomar a pauta no segundo semestre com seus colegas deputados e forçar uma posição contrária do Brasil. Por enquanto, o debate ainda não saiu da academia, mas o tema diz respeito a toda a sociedade. Por trás disso tudo estão os interesses dos maiores exportadores de educação superior, que são EUA, Reino Unido, Austrália, Itália e Canadá. Eles movimentam mais de 30 bilhões de dólares ao ano e querem expandir seus negócios.
Muito distante de qualquer possibilidade de cursar uma faculdade e completamente alheios a este debate, estão os milhares de menores de rua que perambulam pelas ruas, sem sonhos, sem perspectivas e sem políticas públicas que dêem conta da problemática que protagonizam. Nossa reportagem foi às ruas ouvir o que esses jovens têm a dizer e conversou também com Jorge Brodie, psicanalista, que trabalha há 25 anos com esta realidade em São Paulo e evidencia, entre os motivos, o desperdício de dinheiro em programas ineficientes e a pouca ou nenhuma habilidade de quem trabalha no atendimento dessas pessoas.
Nossa reportagem também foi a campo e constatou a via-sacra a que muitos brasileiros são submetidos no momento em que buscam a tão esperada aposentadoria. Aos moldes de “O Processo” de Franz Kafka, acompanhamos a trajetória de várias pessoas e seus problemas diante da desinformação e ineficiência no atendimento de um labirinto burocrático chamado INSS.