Deu na Folha de São Paulo de 23 de junho que a UPF – uma das 300 maiores instituições filantrópicas do país e possuidora de um faturamento anual de R$ 100 milhões – teria comprado consultoria financeira em uma casa de ferragens. Ou seja, teria contratado uma microempresa de Campinas – A Iva Júnior Ltda – especializada no comércio de alicates, arames, pás, enxadas para pleitear um empréstimo de U$ 20 milhões no exterior. Embora não se tenha notícia de sucesso relativo ao tal empréstimo, saíram dos cofres da Universidade R$ 453.755,59 por conta de viagens ao exterior e supostas cauções bancárias entre 1998 e 2000. O próprio Antônio Mendes Vinagre, sócio da Iva Júnior, admite que a sua empresa não atua no ramo financeiro. Não bastasse isso, também foram contratados como lobistas o ex-dono de uma escola de música, Carlos Alberto Randi e seu sócio Rubens Esteves Martins Novaes, também de São Paulo. Dessa vez foram mais R$ 512.817,00. Em 8 de maio de 2000 mais R$ 400.680,00 saíram dos cofres da UPF como adiantamento da suposta operação de crédito, valor que equivalia à época em torno de R$ 200 mil. O valor seria devolvido caso a operação não obtivesse sucesso. Nem um, nem outro. Para piorar, o repórter Josias de Souza, da Folha foi verificar a empresa americana que havia emitido o recibo em 17 de março de 2000, referente ao recebimento do dinheiro, pois estaria intermediando os negócios desde Miami. Qual a surpresa? A empresa Investicorp Inc. está inativa, para os arquivos do governo da Flórida desde 11 de setembro de 1999. Todos os detalhes apresentados pela Folha foram fornecidos pela própria auditoria encomendada pela UPF e deixa o ex-vice-reitor administrativo em maus lençóis, assim com o ex-reitor Ilmo Santos, que apesar de empurrar a responsabilidade para Lorivan, assinava os cheques em conjunto. Mas o pior de tudo isso é que o tema vem à baila justamente no momento em que o CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social) começa a analisar a renovação do certificado de filantropia. Agora o Ministério Público deu prazo até setembro para o R$ 1,2 milhões voltar para os cofres da Universidade. Resta saber quem vai devolver.