Lessa havia produzido há pouco um de seus grandes livros, Era de Aré, onde tratava da formação do continente sul-americano. Um livro marcado pela força da natureza, a sabedoria ancestral dos guaranis, a história humanizada nos rituais de convivência ou mesmo na reveladora descrição do barbarismo. Na abertura do livro, o texto “O Selvagem”, de Horácio Quiroga, mostra a fragilidade do homem no início dos tempos, “nascido fora do tempo numa idade em que a vida devora a si mesma em hostil exuberância”.
A vasta obra literária de Barbosa Lessa está registrada em mais de 60 publicações. A sessão de autógrafos de um desses livros tornou-se inesquecível. Foi em 1959, na Livraria Americana, em Porto Alegre. Três anos antes, num baile durante o 3º Congresso Tradicionalista, em Ijuí, havia conhecido Nilza. Dançaram juntos o “Xote das Duas Damas”. Passaram-se três anos, ela veio estudar Serviço Social na capital e resolveu então ir até a livraria. “Fui a única mulher que compareceu”, lembra Dona Nilza. Depois, o noivado e o casamento, no dia 19 de fevereiro de 1960. Tiveram dois filhos, Guilherme e Valéria, e seguiram juntos pela vida afora. E conjugaram sensibilidades recíprocas: Dona Nilza cultivava ervas medicinais em Água Grande. Lessa pesquisava e escrevia o receituário.