OPINIÃO

O destino de vários e os interesses de alguns

Publicado em 13 de março de 2002

Enquanto boa parte da população está querendo saber se a feiticeira tomou ou não anabolizantes, o Senado iniciou no último dia 26 de fevereiro as primeiras audiências públicas referentes à proposta de flexibilização da CLT apresentada pelo Ministério do Trabalho no ano passado e já aprovada na Câmara Federal. Parece que mais uma vez o rolo compressor de FHC conseguiu submeter o destino de milhões de trabalhadores brasileiros aos interesses de grupos e corporações de empresas. Mas isso só se consolidará se aprovado no Senado. Com exceção da CUT, as demais centrais sindicais engrossam o cordão dos que apóiam a tramóia, inclusive patrocinando festas com artistas populares em São Paulo para endossar a mudança. Assim, se for votado até o final do mês de março no Senado e aprovado, poderemos ter no Brasil um sucateamento das conquistas trabalhistas do século, de forma semelhante ao processado na Argentina, onde absurdos ocorreram, como o de alguns acordos coletivos só permiterem 30 dias de férias após 20 anos de trabalho. Estamos retrocedendo na história aos tempos de barbárie e escravidão, aos poucos, que é para não assustar o eleitorado.

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