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Marshal Berman não é o que se pode chamar de um marxista ortodoxo. Vai a shows de rock, gosta de rap e tem, na sua bibliografia, um livro, no mínimo instigante: Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade, de 1986. Quase uma obra definitiva, segundo o próprio autor.
Então, o que dizer depois que já se disse tudo que poderia ser dito? Tarefa difícil esta de tentar superar a si mesmo. Mas Berman fez o caminho inverso. Sem pretensões, lança agora seu Aventuras no Marxismo (Cia das Letras, 306 páginas), uma coletânea de artigos escritos ao longo dos últimos 30 anos.
Para isso, debruçou-se sobre seus textos para tentar montar algo que pudesse ser considerado um livro sério. “No início todos aqueles ensaios e resenhas pareciam não passar de uma pilha de fragmentos que simplesmente não se encaixavam”, afirma Berman.
O fato é que, desde que lançou Tudo que é sólido…, Berman nunca mais publicou outro título. Apesar de não ter parado de escrever, nunca mais havia considerado nada suficientemente grandioso para que merecesse o título de “livro”.
Mas ainda bem, este idealismo definhou com o passar dos anos, e temos a oportunidade de conferir a edição brasileira deste livro, que foi lançado em 1999 nos EUA e que agora chega às livrarias.
“Um livro não precisa ser completo para ser bom, e a tentativa de torná-lo completo pode ser uma catástrofe”, escreve logo no prefácio.
Berman é novaiorquino, professor de teoria política da City University of New York e acredita na retomada do humanismo marxista.
Para ele, a queda dos regimes comunistas só fortaleceu sua ideia de que, diante do capitalismo niilista que toma conta do mundo a retomada destas ideias se faz cada vez mais necessária.