A agonia presidencial
Após enfrentar a maior crise de desabastecimento dos últimos anos, o país está a quatro meses das eleições gerais que podem estancar a tensão institucional que se arrasta desde 2013. Mesmo que o contexto seja de instabilidade e que analistas políticos e economistas apontem que o governo de Michel Temer chegou ao fim e que o presidente agoniza. Temer, entretanto, ainda tem um papel importante a desempenhar, que é central para a manutenção das regras democráticas. Se o governo se mantiver no que os especialistas denominam de ‘modo espera’, sem tentar implementar mais arrocho, aumento de tributos ou políticas que subam ainda mais o custo de vida, mesmo balançando, pode se manter até o final. Ele será ajudado por um calendário que inclui 33 dias de Copa do Mundo seguidos pelas férias de inverno e uma campanha eleitoral que oficialmente é curta: só começa em 16 de agosto. O problema é se Temer e seu entorno insistirem em ignorar os recados que vêm das ruas, arriscando o colapso.
Sucateamento da Trensurb
Pouco mais de seis anos depois de comprar 15 novos trens da denominada Série 200 por R$ 244,64 milhões de reais, a Trensurb assiste esses veículos enferrujarem em seu pátio. Problemas mecânicos que parecem insolúveis e os impedem de rodar. Problemas nunca encontrados com os antigos Itachi-Kawasaki, ainda em funcionamento desde a década de 1980. Desde 2014, quando começaram a ser entregues e entrar nos trilhos, até agora, os 15 trens jamais trafegaram juntos. Hoje, apenas cinco estão em operação, num exemplo do descaso com o dinheiro público e na prestação de serviço aos 200 mil usuários/dia do sistema. A situação piora ainda mais porque os dez trens parados nas oficinas da estatal estão sendo “canibalizados”. Peças são retiradas permanentemente para suprir as que estragam nos trens que estão rodando. Sangria que explica porque a Trensurb e o Consórcio Frota POA, integrado pela Alstom e a CAF, vencedoras da licitação, estão na mira do Ministério Público Federal (MPF) e são investigadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A suspeita é de que a compra dos veículos esteja associada a um cartel criado pelas empresas do setor em licitações federais em Porto Alegre, São Paulo e Brasília. Investigação até agora inconclusiva e ainda sem responsáveis apontados.
Estes e outros assuntos nesta edição. Boa leitura!