Especialistas e intelectuais analisam a conjuntura política, e os candidatos projetam o que os brasileiros podem esperar das eleições de 2018 e qual projeto de nação se desenvolverá com base no resultado do processo eleitoral. O Sinpro/RS Debates Perspectivas para o Brasil e os brasileiros ocorre no dia 18 de agosto, das 9h às 14h, no Hotel Embaixador, em Porto Alegre
Para entender que país se desenvolverá – ou restará – após o pleito eleitoral deste ano, quais propostas de país e de nação estarão em disputa e as perspectivas de mudança na composição da Câmara Federal e do Senado, o Sinpro/RS organizou o debate Perspectivas para o Brasil e os brasileiros que ocorrerá no dia 18 de agosto, das 9h às 14h, no Hotel Embaixador, em Porto Alegre. O debate terá como painelistas Aldo Fornazieri, Gláucia Campregher, Lênio Streck, Alceu Castilho, Juremir Machado da Silva e Benedito Tadeu César e será dividido em dois painéis: Os candidatos à presidência da República e os projetos de Brasil; e Congresso Nacional: composição e limites de sua renovação.
De acordo com o diretor do Sinpro/RS, Marcos Fuhr, o debate está inserido no conjunto de iniciativas do Sindicato para a cidadania. “Em um momento de ceticismo e desinteresse crescentes em relação à política, convidamos a categoria dos professores e a sociedade à reflexão sobre a importância do processo eleitoral. Queremos que as pessoas se manifestem por meio do voto consciente e, para além da biografia e da publicidade de cada candidato, que o eleitor possa, a partir do debate, identificar os reais projetos que cada um deles representa”, ressalta o dirigente.
Imagem: Bold Comunicação
Painelistas – “Se o Brasil é um país sem presente por conta de todos os males que assolam o povo – desemprego, falta de acesso aos serviços de saúde, falta de educação, salários baixos, falta de cultura e de lazer, pobreza, preconceitos, falta de direitos, violência etc. – os dados da Revisão 2018 da Projeção da População do Brasil, divulgados pelo IBGE, confirmam que o país não terá futuro”, alerta Aldo Fornazieri, professor e coordenador da pós-graduação Globalização e Cultura, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), mestre e doutor em Ciência Política pela USP.
“O que está em disputa nas eleições de 2018 são, de um lado, um projeto de nação e, de outro, a retomada do projeto do neoliberalismo global. “O projeto de nação é o desenvolvimentista, pouco robusto e cheio de remendos e, em três diferentes versões – que se confundem, pois todas elas têm elementos que vão do meramente requentado ao mais renovado –, que abarcam as candidaturas do PT, PDT, PCdoB e PSOL. O projeto neoliberal também combina de modo desigual elementos mais entreguistas radicais, na versão pragmática do PSDB, e mais ponderado, na versão mais idealista da Rede. Pretendo expor um pouco do pano de fundo destes dois projetos e o que se pode esperar no caso de vitória de um ou de outro”, adianta Gláucia Campregher, graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Viçosa (MG), com mestrado e doutorado pela Unicamp.
Com o painel O papel da Constituição na formatação de um governo – a perda institucional do Direito para a política e a moral, o jurista, mestre e doutor em Ciência Econômica pela Universidade de Lisboa e professor da pós-graduação em Direito da Unisinos, Lênio Streck, irá discorrer sobre governo inconstitucional. “O que fazer quando isso acontece? Por exemplo: a Constituição estabelece que o Brasil é uma República que tem o objetivo de erradicar a pobreza e fazer justiça social. Pode um governo fazer políticas contra esse objetivo?”.
“O painel buscará esmiuçar as relações de poder no Congresso e os conflitos de interesse envolvendo deputados e senadores, especialmente no que se refere à bancada ruralista – que se revelou, em 2016, capaz de derrubar e manter presidentes. A sociedade brasileira acompanha apenas superficialmente o que acontece na Câmara e no Senado e depois se surpreende com as pontas do iceberg. Vamos tentar mostrar o quanto o Legislativo está sendo – e continuará sendo – decisivo para os rumos do país, como responsável direto pela institucionalização de retrocessos”, adianta o jornalista e pós-graduando em Geografia Humana pela USP, Alceu Castilho, autor do livro Partido da Terra, que investiga como os políticos se apropriaram do território brasileiro.
“Acredito que o país que vai emergir das urnas é o mesmo que estamos vivendo, sem qualquer diferença. Salvo erro muito grave de análise, não haverá renovação no Congresso. A minirreforma eleitoral que determina o financiamento das campanhas pelo fundo partidário vai distribuir os recursos só para os caciques. O dinheiro vai todo para a reeleição dos deputados federais para fazer bancada na Câmara Federal”, antecipa o doutor em Sociologia pela Sorbonne, jornalista e pesquisador Juremir Machado da Silva, coordenador da Pós-graduação em Comunicação da PUCRS.
“Na minha exposição, traçarei um quadro da composição político-ideológica do atual Congresso Nacional, mostrando as bancadas informais, os partidos de negócios etc., abordarei como a legislação eleitoral e de campanha possibilita a reprodução dessas bancadas, destacarei a tendência de que esse quadro se modifique muito pouco na próxima eleição e enfatizo como poderemos atuar para alterar esse quadro”, explica Benedito Tadeu César, graduado em Ciências Sociais pela Unesp, com mestrado em Antropologia Social e doutorado em Ciências Sociais pela Unicamp e professor associado da Ufrgs – instituição na qual lecionou e coordenou a pós-graduação em Ciência Política.