O futuro é outro
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A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que reuniu no Rio de Janeiro representantes de 191 países entre 20 e 22 de junho, produziu uma declaração final considerada fraca, sem ambição, sem mudanças substanciais que pudessem justificar seu título, O Futuro que Queremos. A economia verde, um dos temas centrais da negociação, ficou sem definição, por falta de acordo. Mas passou a fazer parte da agenda internacional “como um dos instrumentos mais importantes disponíveis para alcançar o desenvolvimento sustentável”.
Já na Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, evento paralelo à Rio+20 realizado no Aterro do Flamengo entre 15 e 22 de junho por movimentos sociais e organizações da sociedade civil, por onde circularam mais de 300 mil pessoas, de diversos países, a economia verde foi denunciada e rejeitada em todas as assembleias, plenárias e marchas que pararam o centro do Rio de Janeiro, e também em boa parte das cerca de 800 atividades autogestionadas realizadas em tendas armadas ao longo do parque, um cartão postal com a assinatura de Burle Marx.
“A dita ‘economia verde’ é uma das expressões da atual fase financeira do capitalismo que também se utiliza de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento público-privado, o superestímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros”, denuncia a declaração final da Cúpula dos Povos, considerada por muitos ambientalistas tão genérica como o documento apresentado pela ONU.