Milhares retornam às ruas do Rio Grande do Sul no #30MPelaEducação
Foto: Stela Pastore
O Rio Grande do Sul amanheceu com tempo chuvoso e com ventos fortes em boa parte do estado, mas isso não impediu que milhares de estudantes, professores e apoiadores tomassem às ruas da Capital e de diversas cidades do interior para protestar contra os cortes no orçamento da educação e os ataques à autonomia das universidades e institutos federais. Os organizadores estimam que em torno de 30 mil pessoas participaram das manifestações somente na Capital.
Este é o segundo Dia Nacional de Mobilização desde que o ministro da Educação Abraham Weintraub anunciou a redução de 30% da verba destinada à educação pública. O primeiro ocorreu no dia 15 de maio, levando mais de 1,5 milhão de pessoas às ruas. Com frases como Pode chover pode molhar mas esse corte eu vou barrar os manifestantes caminharam desde a Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) até a Esquina Democrática, no Centro de Porto Alegre, com cartazes, carro de som, faixas, bandeiras. Estudantes e professores do ensino privado apoiaram e participaram na manifestação. Depois, a caminhada foi retomada via Júlio de Castilhos, Túnel da Conceição até o Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa. O movimento #30MPelaEducação teve o apoio das centrais sindicais, que convocaram Greve Geral para 14 de junho.
Foto: Stela Pastore
“Vivemos o retrocesso de um século na educação, tal o desprezo pela ciência, tal o desprezo pela educação, tal o desprezo pela escola, desabafa Jaqueline Moll, professora da Ufrgs. “Somos o último país das Américas que constituiu seu sistema de educação primária universal, mas nunca conseguimos fazer efetivamente a escola universal. Temos sistema tardio, excludente e desigual, não é diferente na educação básica e nas universidades”.
Para Jacqueline, os cortes anunciados para a educação superior e a educação básica significam adiar o futuro e manter a estrutura profundamente desigual que ainda não foi superada. “Estes atos, de 15 de maio, retomados hoje, 30, e, no próximo dia 14 de junho, são importantes para toda a sociedade brasileira e não apenas para estudantes, professores e gestores escolares. Diminuindo as oportunidades educativas, pior ficará a sociedade”.
Alunos em sofrimento pelo futuro
O reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) Júlio Xandro Heck, junto com os alunos, carregava as faixas pelas ruas da cidade após terem sido colocadas no prédio. Confeccionada pelos próprios estudantes, a faixa é um dos sinais de resistências aos cortes que chegam a 39% nos institutos do Rio Grande do Sul. “Com esse corte profundo só conseguiremos manter atividades até setembro. Os estudantes são os que mais sofrem e vivem enorme aflição e angústia, porque é o seu futuro que está em jogo. Acompanhamos casos de transtornos psicológicos de depressão e sofrimento. Tentamos blindar e proteger, mas só revertendo essa medida. Temos um padrão internacional de qualidade de ensino que queremos dar continuidade tanto no ensino médio como no superior. A comunidade está atenta e sentimos também a preocupação de deputados e senadores com os quais nos reunimos para buscar a reversão desse triste quadro”, conclui o reitor do IFRS, que congrega 17 campi.
A união dos partidos de esquerda pela educação
Foto: Gilnei da Silva
Uma das faixas em destaque no ato foi carregada por várias lideranças partidárias e assinada por uma frente de partidos formada pelo PCdoB, PDT, Psol, PT e PSB. “Os tempos atuais de retirada de direitos fundamentais exige unidade de todos os campos da sociedade”, registra o vereador e líder da bancada do PT na Câmara de Porto Alegre, Marcelo Sgarbossa, que estava junto a faixa.
Foto: Marcos Kammer
Em Pelotas, cidade a localizada no Sul do estado, a 260 quilômetros de Porto Alegre, a concentração começou às 14 horas no Mercado Central, seguida de caminhada pelas principais ruas da cidade. A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e o IFSul paralisaram as atividades. Em Lajeado, cidade do Vale do Taquari, 113 quilômetros de Porto Alegre, a mobilização tomou o centro da cidade. Também foram realizadas atividades em Santa Maria, Osório, Caxias, Bento Gonçalves, Passo Fundo, Rio Grande e Alegrete.