De dezembro de 2011 a fevereiro deste ano, segundo levantamento do Sinpro/RS, foram realizadas 1.684 rescisões de contrato de trabalho de professores em todos os níveis educacionais do ensino privado – um acréscimo superior a 15% ao total de rescisões verificadas no período de dezembro de 2010 a fevereiro de 2011. Predominam as dispensas na Educação Básica, em que 925 docentes foram demitidos. Na Educação Superior ocorreram 305 rescisões.
A diretora do Sinpro/RS, Cecília Farias, ressalta que o final de ano letivo é o período de maior tensionamento entre os professores devido à forma desrespeitosa em que ocorrem as demissões. Por esse motivo, o Sindicato disponibiliza atendimento de uma psicóloga para acompanhar o professor nesse difícil momento.
A psicóloga Márcia Vitorello relata que as queixas dos docentes em relação às instituições privadas mostram vários aspectos negativos e relatos sobre demissões marcadas pelo constrangimento. “Professores que atuaram por vários anos numa mesma instituição e que se sentiam bastante comprometidos com seus projetos pedagógicos foram demitidos sem que esse envolvimento fosse levado em conta”, constata. Ela destaca que instituições demitiram professores que estavam inclusive em licença de saúde.
O descaso e os constrangimentos impostos ao professor, observa a psicóloga Márcia, têm consequências graves para a atividade docente, e as escolas perdem com isso. “O professor percebe que pode ser demitido a qualquer momento e deixa de investir na sua profissão. As instituições se alimentam desse comprometimento do professor ao mesmo tempo em que descartam seus professores. É uma coisa ilusória a ideia de que o trabalho é a principal fonte de investimento, uma vez que na educação está envolvida a questão do afeto. Quando ele é dispensado, perde um investimento afetivo e um reconhecimento social”, analisa.
Opção pelo setor público
Cresceu, neste ano, também, o número de professores que pediram demissão das instituições privadas – 395 tomaram a iniciativa de rescindir o contrato. Muitos deles, para ingressar no magistério público.
Geógrafo e licenciado em Geografia, Jorge Antônio da Rosa, 48 anos, seis de magistério, atuava em duas escolas particulares até ser aprovado em um concurso para lecionar Geografia. Ele diz que a decisão de deixar o ensino privado foi influenciada pela sensação de medo e insegurança que os professores do setor vivem em virtude da rotatividade e de questões específicas desse setor, como o conceito de aluno-cliente e o caráter de prestação de serviços atribuído ao ensino. “No setor público, você encontra espaço para se expressar, ouvir e ser ouvido e pode assumir o sentimento de pertencer a um grupo, de construir coletivamente”, avalia.
Professora de Literatura e Língua Portuguesa, Adriana Emerim Borges, 46 anos, há 12 no ensino privado, deixou as duas escolas privadas nas quais lecionava para atuar no magistério público.
Com formação em Educação Especial e especialização em Psicopedagogia e Educação Inclusiva, a professora Ximena Lazarini, 38 anos, 13 anos de magistério, também migrou para o setor público. “Quero ser professora na rede municipal para desvendar os tais mitos da educação pública e vejo como vantagem a estabilidade, tanto do ponto de vista financeiro quanto profissional”, diz Cristine Teixeira, 22, aprovada em concurso da rede municipal de ensino de Canoas.
FAQ – Os associados ao Sinpro/RS podem se inscrever até 30 de março para o Fundo Rotativo de Apoio à Qualificação Docente – FAQ 2012. Serão sorteadas três bolsas de auxílio para doutorandos. A pré-seleção ocorrerá até o dia 16 de abril e o sorteio das bolsas no dia 28 de abril de 2012. Mais informações em www.sinprors.org.br/faq
SESI/SENAI – em dezembro, Sinpro/RS e Sindepars assinaram a Convenção Coletiva de Trabalho 2012 dos professores do Sesi e Senai, com reajuste de 7,20% para quem atua na Educação Superior e 14,13% para a Educação Básica. Também ficou o compromisso da Fatec em negociar com o Sinpro/RS a elaboração de um Plano de Carreira.