Foto: Fábio Alves/D3 Comunicação
Foto: Fábio Alves/D3 Comunicação
Primeiro, o matador, Anders Breivik, tem ciência do que fez, mas diz ter sido necessário. Os europeus usavam o mesmo argumento da “missão civilizadora” para dominar a África nos tempos do Neocolonialismo. Tal pretexto se ouviu também em Nuremberg. Portanto, o argumento não é inédito nem ingênuo.
Segundo, a crise econômica abate a Europa há alguns anos. Em vários países assolados reapareceram os discursos que associam crise, desemprego e violência a estrangeiros/imigrantes etc. Questão delicada, que não recebe a devida atenção dos governos envolvidos.
Finalmente (aqui, pois a questão não se esgota), o assassino colocou o governo em um jogo de xadrez: o governo anunciou que a questão será resolvida de maneira democrática; aí vem o problema. Os fascistas rejeitam a democracia, considerada regime fraco, ineficiente − por isso são totalitários. Tal questão, extrema, sendo tratada de maneira rigorosamente democrática não gerará a punição que merece (a lei do país permite 21 anos de detenção, a menos que o crime seja enquadrado como ‘contra a humanidade’, que possibilita 30 anos – nada perante dezenas de vítimas), dando argumento para os demais defensores da ideologia. Mas tratar a questão com ‘mão de ferro’ para garantir o desfecho ideal para o assassino, servindo de exemplo aos outros, aproximaria o governo de um totalitarismo, defendido por tais grupos. Questão complexa.
Enfim, o estrago causado por Breivik certamente não terminou naquela sexta-feira…
*Especialista em História Contemporânea e professor de História do Colégio Murialdo Porto Alegre e da Escola Estadual Caldas Júnior.