Coletivo atua na defesa da diversidade LGBTQI indígena
Foto: Reprodução Instagram
Grupos e povos indígenas no Brasil lutam diariamente para manter suas tradições e, principalmente, sua identidade de povo originário. Dentro do leque que compõem essa representatividade, uma faceta é pouco discutida: a orientação LGBTQI+ dentro das comunidades indígenas. Para dar visibilidade a esta parcela social, surgiu o Coletivo Tibira, formado por jovens de diversas etnias e diferentes orientações sexuais.
Com atuação marcante nas redes sociais, o Tibira une representantes dos Terena, Tupinikim, Tuxá, Boe Bororo e Guajajara, dos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Espírito Santo, Bahia, Pará, São Paulo e Maranhão. O coletivo põe luz em questões de gênero e sexualidade pouco discutidas nas aldeias, o que acaba por trazer a sensação de não representatividade para os LGBTQIs indígenas. “Nossa ideia é trabalhar o protagonismo. É mostrar que nós existimos”, diz Tanaíra Silva Sobrinho, uma das criadoras do Coletivo.
Para além das redes sociais, o grupo tem ações nas aldeias e cidades. Os Tibira fazem questão de reafirmar que não são menos indígenas por serem LGBTQIs e tampouco se deixaram levar pela influência da cidade. A necessidade de seu trabalho fica evidente em relatos nas experiências de ações com jovens índios. “Algumas etnias assumiram narrativas opressoras e discriminatórias com os LGBTs da comunidade. Daí a importância de um espaço segmentado que busca dar visibilidade e informar sobre o assunto”, diz Neimar Leandro Marido Kiga, idealizador do Coletivo.
O nome do grupo é inspirado justamente em um relato real e histórico de homofobia. Tibira foi a primeira vítima de homofobia documentada no Brasil, segundo o livro História do Crime no Brasil. O Tupinambá Tibira foi assassinado em 1612, em São Luiz do Maranhão, a mando dos missionários franceses que determinaram sua prisão, tortura e execução na boca de um canhão. Seu crime foi a sua notável homossexualidade.
SUICÍDIO – Entre os indígenas, A taxa de suicídio é quatro vezes maior que a média nacional. O Coletivo tem essa preocupação dentro de suas pautas e atua nisso diretamente nas aldeias. “Quem são os jovens que estão se suicidando? Será que estão passando por homofobia? Quando a gente se assume e cria esse espaço, serve de exemplo até para as pessoas se defenderem”, diz Kátia Sabino Rodrigues, a Katú, integrante do Tibira.
O Grupo pretende ampliar ainda mais suas discussões e ações. “A gente quer atingir todo mundo. Tanto os indígena como os não indígenas, os brasileiros e também a América Latina toda. Quando eu digo que sou pansexual assusta quem é da aldeia e quem é da cidade, e por isso é fundamental falar com todos”, conta Katú.
O Tibira é formado por jovens entre 19 e 30 anos, com formação superior e cursando pós graduação em diferentes universidades do país.