Erro de militares causa prejuízo de 273 milhões à União
Foto: Exército do Brasil/Reprodução/Divulgação
O Tribunal de Contas da União ( TCU) deveria ter julgado quatro oficiais do topo da carreira do Exército acusados de atirar no lixo R$ 273 milhões ao cometer “erros grosseiros” num negócio bilionário. Vários adiamentos ocorreram ao longo de junho e até o fechamento desta edição os militares ainda não haviam sido julgados.
Conforme noticiado pelo The Intercept Brasil, uma auditoria do próprio TCU identificou, em 2017, o rombo num contrato fechado pelos militares um ano antes com a montadora Iveco, subsidiária da italiana Fiat, para a entrega de veículos blindados.
Segundo os auditores, teriam ocorrido graves irregularidades na condução do Programa Guarani, um projeto do Exército para a renovação da frota de viaturas. Todos os militares que respondem ao processo já estão na reserva: são os generais Fernando Sérgio Galvão, Sinclair James Mayer e Guilherme Theophilo, além do tenente-coronel Ângelo José Penna Machado.
O valor do prejuízo é equivalente à parcela do auxílio emergencial de R$ 600 para quase 500 mil pessoas.
O TCU já marcou três vezes, desde o final de maio, a sessão secreta em que os quatro fardados iriam a julgamento, mas o caso não entrou em pauta. Já é claro, porém, que houve no mínimo uma trapalhada imensa.
O caso começou com um contrato firmado em 2009 e sem licitação para que a Iveco entregasse ao Exército 2.044 veículos blindados ao custo de R$ 5,4 bilhões.
Porém, depois de assinarem o documento os militares perceberam que haviam superestimado o número de viaturas encomendadas. Diante do fiasco de sequer ter lugar para guardar tantos veículos, os militares negociaram uma redução do pedido. A montadora aceitou, desde que não implicasse receber menos dinheiro. A fatura foi colocada sobre a mesa do generalato, que, sem argumentos para discordar, concordou em pagá-la em 2016.
O contrato de 2009 foi encerrado e substituído por um novo. Nele, a encomenda encolheu 23%, para 1.580 veículos, ao custo de R$ 5,9 bilhões. Ou seja, mais dinheiro e menos veículos que no acordo original. Foi esse o trato que acarretou, segundo o TCU, o prejuízo de R$ 273 milhões.