IBGE registra maior inflação do período dos últimos quatro anos
Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias
Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias
O aumento dos preços dos alimentos que integram a cesta básica dos brasileiros fez crescer a percepção do aumento da inflação.
O arroz com feijão foi o que mais acumulou reajustes nos preços, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do País, e que teve os percentuais divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitica (IBGE).
O arroz, que em agosto subiu mais 3,08%, acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. O feijão preto, muito consumido no Rio de Janeiro, acumula alta de 28,92% no ano e o feijão carioca, de 12,12%.
Segundo o IBGE, a inflação de agosto (0,24%), puxada pelos preços dos alimentos e da gasolina foi a mais alta para o período de agosto desde 2016, apesar da desaceleração em relação a julho (0,36%).
A gasolina subiu pelo terceiro mês seguido. Os alimentos que chegaram a registrar certa estabilidade de preços em julho voltaram a subir em agosto. As famílias de menor renda são as mais afetadas.
O IPCA, que se refere a famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos, acumula alta de 0,70% até agosto e, em 12 meses, de 2,44%.
“Enquanto a taxa de inflação acumulada no ano [8 meses] é de 0,70%, o grupo de despesas relacionado à Alimentação subiu 4,91%. E o grupo Alimentação no Domicílio subiu 6,10%. O arroz subiu quase 20%. O feijão preto subiu quase 30% no ano. Para as famílias de baixa renda, essa é a ‘verdadeira’ inflação”, destaca o economista Sérgio Mendonça, diretor do grupo de economistas especializados em bancos e contas públicas Reconta Aí.
Comida
Os alimentos para consumo no domicílio tiveram alta de 1,15%, influenciados principalmente pela elevação nos preços do tomate (12,98%), do leite longa vida (4,84%), das frutas (3,37%) e das carnes (3,33%). Destacam-se, ainda, as variações do óleo de soja (9,48%) e do arroz (3,08%), que acumula alta de 19,25% no ano. Por outro lado, verificou-se recuo nos preços da cebola (-17,18%), do alho (-14,16%), da batata-inglesa (-12,40%) e do feijão-carioca (-5,85%).
A alimentação fora do domicílio (-0,11%) segue em queda, embora menos intensa que a do mês anterior (-0,29%). Enquanto a refeição passou de -0,06% em julho para -0,56% em agosto, o lanche passou de queda de 0,86% para alta de 0,78%, contribuindo com 0,01 p.p. no índice do mês.
Habitação e energia
No grupo Habitação (0,36%), os maiores impactos em agosto vieram do aluguel residencial (0,32%) e da energia elétrica (0,27%), ambos com 0,01 p.p. As variações do item energia elétrica foram desde os -2,06% de Fortaleza até os 3,17% de São Luís. Houve reajustes tarifários em duas áreas, ambos a partir de 7 de agosto: em Belém (0,13%), o reajuste foi de 2,86% e, em Vitória (0,09%), de 5,93%.
Vale ressaltar que as variações apuradas no item em questão levam em consideração, além das tarifas praticadas, as alíquotas de PIS/COFINS, a contribuição de iluminação pública e a bandeira tarifária. No dia 26 de maio, a ANEEL anunciou a manutenção da bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz, até dezembro deste ano.
Gás
Ainda em Habitação, o subitem gás encanado (-1,67%) apresentou variação negativa por conta das reduções de 5,16% no Rio de Janeiro (-4,64%), a partir de 1ª de agosto, e de 8,88% em Curitiba (-2,68%), a partir de 19 de agosto.
Esgoto e construção
Já a taxa de água e esgoto (0,43%) subiu por conta do reajuste de 3,40% observado em São Paulo (1,47%), válido desde 15 de agosto. Por fim, cabe destacar as altas nos preços de alguns materiais de construção, como o tijolo (9,32%) e o cimento (5,42%), que já haviam subido em julho (4,13% e 4,04%, respectivamente).
Pobres sentem mais
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que se refere às famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos, apresentou alta de 0,36% em agosto, sendo o maior resultado para o mês desde 2012 (0,45%). No ano, o INPC acumula alta de 1,16% e, nos últimos doze meses, de 2,94%.
IPCA – Variação por regiões – mensal e acumulada no ano e 12 meses | |||||
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Região | Peso Regional (%) | Variação (%) | Variação Acumulada (%) | ||
Julho | Agosto | Ano | 12 meses | ||
Campo Grande | 1,57 | 0,73 | 1,04 | 2,13 | 4,43 |
Goiânia | 4,17 | 0,25 | 0,66 | -0,25 | 2,35 |
Brasília | 4,06 | 0,34 | 0,58 | 0,50 | 2,27 |
Rio Branco | 0,51 | 0,75 | 0,54 | 0,94 | 2,44 |
Recife | 3,92 | 0,40 | 0,46 | 1,98 | 2,94 |
São Luís | 1,62 | 0,57 | 0,38 | 0,30 | 2,24 |
Porto Alegre | 8,61 | 0,37 | 0,33 | 0,21 | 1,79 |
São Paulo | 32,28 | 0,24 | 0,31 | 0,86 | 2,60 |
Belo Horizonte | 9,69 | 0,39 | 0,21 | 0,58 | 2,08 |
Curitiba | 8,09 | 0,39 | 0,20 | -0,09 | 1,81 |
Salvador | 5,99 | 0,62 | 0,13 | 1,48 | 3,23 |
Vitória | 1,86 | 0,21 | -0,03 | 0,92 | 2,45 |
Belém | 3,94 | 0,72 | -0,04 | 0,42 | 3,47 |
Rio de Janeiro | 9,43 | 0,24 | -0,13 | 0,51 | 2,02 |
Fortaleza | 3,23 | 0,56 | -0,23 | 1,32 | 2,80 |
Aracaju | 1,03 | 0,31 | -0,30 | 1,15 | 2,48 |
Brasil | 100,00 | 0,36 | 0,24 | 0,70 | 2,44 |