Arte: Ricardo Machado
Arte: Ricardo Machado
No fim do século 19, a Inglaterra foi tomada por uma crença obsessiva em fadas. A nova arte da fotografia teve muito a ver com a propagação da mania, entre ingleses de todas as idades e todos os tipos, inclusive intelectuais e cientistas. Fotos de ninfas aladas borboleteando entre flores convenceram muita gente grande da existência do fenômeno, que chegou a ser assunto no Parlamento. E Conan Doyle foi dos primeiros a acreditar e defender a autenticidade das fotos e das fadas. E acreditou nelas até morrer.
Pode-se imaginar a reação de Sherlock Holmes ao saber das convicções do seu autor.
– Fadas, Watson. Ele acredita em fadas.
– Pelo menos ele nos poupou das suas crenças malucas, Holmes. Se bem que…
– O que, Watson?
– Sempre achei que havia algo de sobrenatural nos seus poderes de dedução.
– Bobagem, Watson. Uso apenas a razão e o senso comum com, talvez, um toque de gênio. Que, aliás, foi ele que me deu.
– Estranho caso de um escritor que concentrou a sanidade na sua literatura para poder enlouquecer na sua vida.
– Mais um dos muitos mistérios da condição humana, Watson.
– Onde você vai, Holmes?
– Buscar a sabedoria da cocaína. A única forma de metafísica que me permito.
APRÉS DRUMMOND
(Da série “Poesia numa hora dessas?!”)
Mundo, mundo, vasto mundo
se eu me chamasse Eike Batista
não seria uma rima
mas seria uma solução.