Ipea alerta para risco de colapso generalizado na Saúde
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Com o título A segunda onda da pandemia (mas não do distanciamento físico): covid-19 e políticas de distanciamento social dos governos estaduais no Brasil, o trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a taxa de rigor das ações que deveriam ser aplicadas para evitar aglomerações teve uma queda de 6,3 para 2,9 de abril a dezembro de 2020.
Concretamente, a queda no isolamento social foi de 54%. No mesmo período, as mortes passaram de 27 para 92 por milhão de habitantes.
A Nota Técnica do Ipea, ao contrário do que vem afirmando publicamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), recomenda que os governos federal, estaduais e municipais estabeleçam de forma urgente o endurecimento de medidas de distanciamento social em regiões onde o número de casos e óbitos tenha crescimento e a disponibilidade de leitos em hospitais esteja limitada.
Brasil pode se tornar uma Manaus
O estudo do Ipea ressalta que a hipótese de imunidade de rebanho não foi confirmada na capital do Amazonas, Manaus. Sinaliza para o fato de que, se “Manaus atravessou uma segunda onda mesmo com grande parte da população tendo sido previamente infectada, a probabilidade é alta de que outras regiões do país também passem por processo semelhante”.
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Para Rodrigo Fracalossi de Moraes, técnico de planejamento e pesquisa que coordenou o estudo do Ipea, é importante que a reação à pandemia tenha foco nos governos estaduais. Isso “é importante não apenas pela sua centralidade na adoção de políticas de distanciamento no Brasil, mas pela ineficiência de medidas adotadas de forma fragmentada por municípios”, afirma o documento.
A recomendação é para que os governos adotem de forma urgente “parâmetros claros e objetivos como guia para decisões sobre a ampliação ou a diminuição do rigor das medidas de distanciamento”. Como exemplo, cita medidas adotadas por estados como Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Segundo a nota técnica, serão esses parâmetros que irão diminuir “a probabilidade de influência de pressões aleatórias contrárias a medidas rígidas de distanciamento”.
O exemplo de Manaus volta novamente. O relaxamento das medidas de isolamento que culminou com a lotação de suas UTIs e a tragédia da falta de oxigênio se deram após forte pressão de associações de classe e pessoas influentes.