AMBIENTE

Justiça proíbe pulverização aérea de agrotóxicos em terras vizinhas a plantio de orgânicos do MST

9ª Vara Federal de Porto Alegre deferiu liminar que pede indenização às famílias de assentados do MST que foram vítimas de contaminação da produção agroecológica por veneno
Por César Fraga / Publicado em 5 de novembro de 2021
Cooperativas locais estão entre as grandes produtoras de arroz orgânico

Foto: Leandro Molina/MST divulgação

Cooperativas locais estão entre as grandes produtoras de arroz orgânico

Foto: Leandro Molina/MST divulgação

A 9ª Vara Federal de Porto Alegre deferiu a liminar requerida pelo Instituto Preservar em Ação Civil Pública que pede a indenização para famílias de camponeses assentados do Movimento Sem Terra em Nova Santa Rita  e Eldorado do Sul, ambos na Região Metropolitana de Porto Alegre. A decisão da Justiça foi tomada na quinta-feira, 4, e beneficia produtores agroecológicos atingidos pela deriva aérea de agrotóxicos em 2020 e 2021.

Na decisão, a Juíza Federal Clarides Rahmeier determinou que todos os fazendeiros vizinhos aos assentamentos da Reforma Agrária vitimados pela deriva, parem de realizar a pulverização aérea de agrotóxicos em suas propriedades.

No despacho, a Justiça também determinou à União, ao Estado do Rio Grande do Sul e à Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (Fepam) que elaborem, executem e apresentem, no prazo de 30 dias, um plano de fiscalização ostensiva, ou seja, esse plano deve ser amplo e rígido na inspeção dessas áreas. O objetivo da decisão é fazer com que os órgãos verifiquem se esse fazendeiros continuam realizando a pulverização de agrotóxicos nocivos ao meio ambiente e à saúde humana. E por fim, e se tais operações apresentam risco de deriva para os Assentamentos Santa Rita de Cássia II, Itapuí (Nova Santa Rita) e Integração Gaúcha (Eldorado do Sul).

“Essa decisão se constitui como uma importante vitória dos assentados para a produção agroecológica na Região Metropolitana de Porto Alegre, que vem sendo ameaçada pela contaminação de agrotóxicos” pontua o advogado da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap), Emiliano Maldonado.

Segundo ele, essa ação demonstra que o Poder Judiciário está atento à necessidade de proteção da saúde dos agricultores, da natureza e da produção de alimentos saudáveis, as quais abastecem dezenas de feiras da região Metropolitana.

De acordo com o MST, 30 famílias assentadas perderam seus alimentos orgânicos após aviões utilizados para fumigação de insumos químicos sobrevoarem casas, hortas, aquíferos, pastagens, pomares de árvores frutíferas e vegetação nativa.

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