Foto: Reprodução Facebook
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Está na hora de levar adiante uma ideia corajosa. Negacionistas que não querem máscara e não querem vacina devem se aglomerar aos milhares, numa grande festa sem fim. Seria a consagração da máxima bolsonarista de que a liberdade é mais importante do que a vida.
Como fazer isso com método e de forma organizada? Amontoando os que ainda defendem a tese de Bolsonaro e seus cúmplices e seguidores de que o contágio de rebanho é que vai segurar finalmente a pandemia, e não a vacina.
Se levam mesmo a sério a ideia da manada, devem se aglomerar num lugar que permita juntar multidões. Esse lugar é um estádio de futebol. Patrocinadores de fake news e de outras ações do gabinete do ódio poderiam viabilizar financeiramente o projeto.
Durante dias, os negacionistas iriam conviver só dentro do estádio, não só nas arquibancadas, mas também no meio do campo. Como se estivessem num Woodstock bolsonarista.
Seria uma aglomeração gigante, com mais de 60 mil pessoas confinadas em um estádio em que cabem 40 mil sentados. Poderia ser uma experiência repetida em todas as capitais, com música e chope.
A ideia colocaria em execução, com esquema científico, em escala industrial, o que eles defendem. O negacionista não pode ser incoerente. Se deseja mesmo exercer seu direito individual ao contágio, que se junte aos que pensam a mesma coisa.
Se o negacionista, por se considerar livre, nega-se a se vacinar e a respeitar o passaporte da vacina, que se contamine logo, mas num lugar só deles. Que se organizem e deixem de praticar um negacionismo amador.
O negacionista autêntico não pode ficar esperando pelo acaso do contágio. Deve ir em busca da infecção, misturando-se a quem já está doente ou poderá ficar doente nessa aglomeração planejada.
Líderes negacionistas ficariam encarregados de juntar os infectados, que seriam levados para o estádio e distribuídos pelos diversos setores.
O negacionista que defende a teoria do rebanho seria convidado (sem pagar ingresso) a entrar no estádio, sem máscara, só com a roupa do corpo.
Não haveria nunca troca de roupa, para que o contágio fosse facilitado. Somente seriam socorridos, em hospitais de campanha, os doentes em estado muito grave.
Os que sobrevivessem e procurassem a TV para oferecer depoimentos comovidos seriam devolvidos ao estádio, porque ninguém aguenta mais relatos de negacionistas que enfrentam a covid e depois choram por terem sido negacionistas.
Os outros, os que tiverem sintomas leves, continuariam misturados, até o fim da quarentena. Médicos controlariam o tempo para a saída dos infectados, depois de completado o ciclo de contágio. Esses iriam para estádios de transição, até retornarem à vida fora do confinamento.
Mas como oferecer estrutura de assistência médica e de hospitais para tanta gente? Seriam montados hospitais de campanha, geridos só por médicos negacionistas.
Os hospitais só poderiam oferecer o kit covid de Bolsonaro, com muita cloroquina e ivermectina. Se não for assim, não será como o negacionista prega que seja.
O negacionista não pode ser um sujeito sem convicções, que sustenta suas posições apenas na retórica bolsonariana.
O negacionista deve agir e ser proativo e assertivo e procurar sua turma para que o contágio seja acelerado e multiplicado com alguma ciência entre os próprios negacionistas.
Que se amontoem por um tempo num lugar só deles e, se quiserem, que se reproduzam ali, mas sem colocar em risco quem preserva a própria vida e a vida dos outros e respeita a ciência. Quem vai encarar?
Moisés Mendes é jornalista. Escreve quinzenalmente para o Extra Classe.