GERAL

Desconstruindo a revolução

Por César Fraga / Publicado em 17 de dezembro de 2010

Juremir Machado da Silva

Foto: Igor Sperotto

Foto: Igor Sperotto

O professor, jornalista, escritor e tradutor, Juremir Machado da Silva, lançou recentemente dois livros que propõem uma revisão histórica e polêmicas sobre duas revoltas lideradas por gaúchos, A Guerra dos Farrapos e a Revolução de 30. Ele contou com uma equipe de dez pesquisadores que analisaram 15 mil documentos para compor História Regional da Infâmia – o destino dos negros farrapos e outras iniquidades brasileiras, ou como se produzem os imaginários (L&PM, 344 p.), que se propõe a desfazer a mitologia acerca da Revolução Farroupilha, ocorrida entre 1835 e 1845, e elucidar as suas verdadeiras causas. Já em 1930, águas da revolução (Record, 448 p.), além de outras fontes documentais, o livro costura os fatos históricos a partir do depoimento de um sobrevivente do conflito, o soldado Gabriel D’Ávila Flores, de 98 anos. Juremir é graduado em Jornalismo e História, com mestrado e doutorado em Sociologia da Cultura. É professor titular da PUCRS e fez pós-doutorado na França sob a orientação de Michel Maffesoli, Jean Baudrillard e Edgar Morin. Tem 25 livros publicados e prepara um ensaio que pretende lançar em 2011.

Extra Classe – Seus dois últimos livros têm como cenário e tema revoluções. Existe alguma intencionalidade nessas escolhas?
Juremir Machado da Silva – Eu não havia pensado em uma relação entre as duas revoluções. Havia concluído um livro, Getúlio, que deveria ser complementado com o que deveria ter sido o primeiro volume. O que acabou se tornando 1930. Considerei que faltava aprofundar e detalhar sobre a Revolução de 30. Ao mesmo tempo, eu vinha pesquisando sobre a Revolução Farroupilha por achar que a história estava mal-contada, e por querer contá-la do meu jeito.

EC – O objetivo é desconstruir o mito da Revolução Farroupilha?
Juremir Machado da Silva – Eu acredito cada vez mais no método da desconstrução, que é pegar aquilo que está erigido como verdade e ver o que há de verdade ou não nisso. Em história, a gente pode dizer o que não foi, pode, na maior parte das vezes, até dizer o que foi e, em alguns casos, não dá para dizer, fica em suspenso.

EC – O que foi e o que não foi na Revolução Farroupilha?
Juremir Machado da Silva – Eu acho que os gaúchos estão enganados. Nós deveríamos comemorar menos a revolução de 20 de setembro de 1835 e mais a revolução de 3 de outubro de 1930. Muita gente sabe o que foi a primeira e poucos sabem o que foi a segunda. A Revolução de 30 foi comandada pelos gaúchos, foi vitoriosa, mudou o Brasil e suas consequências se fazem sentir até hoje. A Guerra dos Farrapos foi regional, de proprietários e fazendeiros, não mudou nada em nossas vidas e não teve maiores consequências para os dias de hoje, a não ser no imaginário das pessoas em certos festejos e folclore. Ela não foi o que se apregoa nos CTGs, na Semana Farroupilha e tudo o mais. Não foi abolicionista, libertadora, nem emancipacionista. Fazendeiros se sentiam prejudicados em alguns aspectos, como impostos altos e com o desprezo do Império pela província. Eles, no início, não eram republicanos, não pensavam em libertar os escravos, não tinham grandes ideais. Tinham, sim, alguns interesses econômicos e não mais. O processo da revolução os arrastou e eles foram precisando tomar outras posições, como proclamar uma república, que inicialmente nem mesmo Neto e Bento Gonçalves queriam. Eles foram se transformando com o passar dos anos, mas essa transformação nunca fez deles heróis emancipadores. Tentar dizer hoje que eles eram progressistas é falso e isso dá para provar, a começar pelo fato de que o movimento foi financiado, em determinado momento, pela venda de escravos no Uruguai, e isso é uma novidade do meu livro e sobre a qual não adianta eles (os tradicionalistas) espernearem e dizerem que não.

EC – Explique este episódio?
Juremir Machado da Silva – Domingos José de Almeida, que vendeu os escravos no Uruguai, entra na Justiça da República Rio- Grandense para pedir ressarcimento pelos escravos que havia vendido. Outro aspecto interessante da revolução é que em determinado momento ela rachou entre maioria e minoria, e ninguém diz por quê. O motivo foi simples: corrupção. Uma parte jogava na cara da outra denúncias. Gente que sabia do negócio. Domingos José de Almeida foi ministro da Fazenda e seu sucessor foi Antônio Vicente da Fontoura, que quando recebeu a pasta olhou e disse: “Isso é corrupção pura!”. Ele começou a trazer os podres para fora.

EC – Dá para citar algum?
Juremir Machado da Silva – Preciso insistir num ponto que tem me trazido incômodos. Os Farroupilhas tinham a ideologia da Farsul e os métodos das Farc. Eles eram liberais, com nenhuma intenção progressista, assim como nossos produtores de hoje. Estavam insatisfeitos porque houve um surto de carrapatos muito forte em 1834, a safra não foi boa, eles queriam a ajuda do Império e não foram atendidos. Mais ou menos como nos dias de hoje. Choveu ou não choveu, eles querem que o governo ajude. Não ajuda, ficam indignados. Os fazendeiros resolveram então dar um golpe. No quese refere à corrupção, eles ocupavam as propriedades, como a famosa Estância da Música, que era uma fazenda modelo da época. Eles arrendavam essas propriedades e o dinheiro sumia. Ou carneavam o gado alheio e vendiam os couros e o dinheiro também desaparecia. Em determinado momento, Vicente da Fontoura afirma que Neto recebeu dinheiro para comprar uniformes para os soldados e as tropas continuavam com frio. Não mudou muita coisa de lá para cá: traições, sacanagens etc. Quando a revolução chegou ao seu final, os farroupilhas receberam uma espécie de bolsa-fazendeiro. Depois de muita pressão, o Império liberou uma verba secreta, sem que se fizesse qualquer tipo de tratado, além de algumas concessões para pagar indenizações. Existe uma lista de 291 indenizações e Bento Gonçalves é o primeiro da lista. Eles produziram notas falsas para tentar pegar mais dinheiro, ou seja tudo que ainda se pratica hoje.

EC – Quais foram as verdadeiras causas da Guerra dos Farrapos?
Juremir Machado da Silva – A principal foi a Independência do Uruguai, que estava anexado ao Brasil. Teve a questão dos impostos elevados sobre o charque, mas essa não foi a principal, inclusive, porque esta questão estava resolvida em 1842 e a coisa continuou. Porém, têm duas ou três causas mais infames. Entre elas, os militares que estavam aqui no Sul, numa espécie de geladeira, pela conspiração que resultou na abdicação do Dom Pedro I. Eles foram se infiltrando entre proprietários descontentes como eles. Também teve um surto de carrapatos muito forte em 1834, que dizimou parte do rebanho. Os fazendeiros queriam ajuda do Império para se recuperarem e ao não recebê-la se rebelaram. Havia também o espírito da época, as relações com os platinos, que eram mais progressistas que instigavam ao separatismo. Os farroupilhas viviam situações contraditórias: ao mesmo tempo em que queriam estar com o Brasil, se preocupavam sobre a possibilidade de ter um país próprio, se juntar com o Uruguai ou com uma parte da Argentina. Por outro lado, não estavam nenhum pouco preocupados com os escravos ou com a situação dos negros. O tráfico de escravos, apesar de proibido, continuou. Bento Gonçalves, quando morreu, dois anos depois da revolução, ainda tinha 53 escravos que deixou aos herdeiros.

EC – Como foi financiada a revolução?
Juremir Machado da Silva – Uma revolução custa dinheiro. Os líderes tiveram de se cotizar para pagar a conta. Em 1837 faltaram recursos. É neste momento que Domingos José de Almeida, estruturador do negócio, charqueador em Pelotas, dono de grande quantidade de escravos vai vender seus escravos no Uruguai para financiar a guerra. Depois, ele apresenta a conta detalhada dos serviços diários feitos por seus “negros”, desde reparos até obras. Além dos negros que vendeu no Uruguai, alugava outros. Portanto, o revolucionário, emancipacionista e libertador vivia do trabalho de escravos alugados no país vizinho e financiava a luta com a venda de seus negros.

“A Guerra dos Farrapos foi regional, de proprietários e fazendeiros, não mudou nada em nossas vidas e não teve maiores consequências para os dias de hoje, a não ser no imaginário das pessoas em certos festejos e folclore”

EC – Canudos durou um ano com 5 mil mortes, em três anos de Balaiada morreram 12 mil, nos quatro anos de Contestado foram 20 mil pessoas. Já a Revolução Farroupilha durou dez anos e contabilizou 2,9 mil mortos. No seu ponto de vista, baixas indicam também a extensão da revolta e sua dimensão?
Juremir Machado da Silva – Naquela época, se morria mais de gripe do que nas batalhas farroupilhas. Eram 300 mortos por ano. Era uma tranquilidade. Quando os liberais estavam no poder central do Império, antes da maioridade de Dom Pedro II, as ofensivas imperiais eram tímidas. Depois, os conservadores assumiram o poder após a maioridade do Imperador, aí sim houve o envio de um volume de tropas maior para acabar com o movimento. Morreu pouca gente porque havia pouco combate. Os farroupilhas ficavam fugindo e o exército imperial atrás, até que alguém fazia uma emboscada. Aí morria um pouco. Não existiam grandes combates. Quando os imperiais ficavam muito ostensivos, os farroupilhas fugiam para o Uruguai. Depois voltavam. Boa parte da população nem participou. Algumas pessoas acham que na época estava todo mundo envolvido com a revolução. Não foi assim. O movimento foi intenso na Região da Campanha, mas Porto Alegre nunca foi farroupilha. As principais cidades, como Pelotas e Rio Grande, não eram. As pessoas raciocinavam exatamente como hoje: aqueles que estavam tendo suas terras invadidas, o gado carneado, reclamavam na Justiça por meio de processo judiciais. Se imagina a ausência do estado de direito, mas não era assim. Era a monarquia funcionando normalmente. As pessoas iam à Justiça reclamar a reintegração de posse. Teve um longo processo dos farrapos e está tudo documentado.

EC – Como iniciou o mito farroupilha?
Juremir Machado da Silva – Foi em várias etapas. Primeiro Julio de Castilhos, na necessidade de construir uma identidade gaúcha, propõe que se recupere o que havia acontecido nesta guerra. Isso começa a funcionar, quando vem a República e se tornou necessário construir um mito fundador. No anos 30 a revolução completa cem anos, no auge do nacionalismo. Cria-se o Instituto Histórico e Geográfico, com historiadores, muitos deles militares, trabalhando muito para consolidar o mito. Boa parte do história farroupilha é uma louvação de militares, e outra, de folcloristas, como foi Alfredo de Ferreira Rodrigues.

EC – E a questão dos negros na revolução, como se deu?
Juremir Machado da Silva – Foi bem simples. Eles foram massa de manobra. Foi necessária mais força militar. Só havia um jeito, incorporar os negros. “Quais negros?” Os que pertenciam aos farroupilhas? Claro que não. A jogada era incorporar os negros pertencentes aos imperiais seduzindo-os com a promessa de liberdade em caso de vitória do movimento. Para os negros era um bom negócio e eles aceitam, mas quando o movimento chega ao seu final os farroupilhas sabem que não há chance de vitória e que só seria possível, no máximo, manter a guerrilha para conseguir anistia e algumas concessões. Na impossibilidade de cumprir a promessa de liberdade, os negros viraram um incômodo. Entregá-los aos imperiais provocaria uma rebelião de negros. Seria melhor que morressem. Recebi um e-mail do historiador Spencer Leitman que corrobora a tese de que em Porongos surgiu a chance de livrar-se do que seria o entrave para a construção da paz que estava sendo negociada.

EC – Mas existe controvérsias quanto a isso?
Juremir Machado da Silva – Existe uma carta assinada pelo Duque de Caxias para Davi Canabarro, em que ele admitiria uma combinação para matar os negros em Porongos. Há quem questione a legitimidade deste documento, mesmo se reconhecendo que a assinatura é verdadeira, mas que teria sido produzida posterior aos fatos para desacreditar Canabarro. Porém, existe uma série de outros elementos que confirmam a tese da traição. Por exemplo, este ataque ocorreu em um lugar que era lindeiro com uma fazenda da irmã no General Neto. Ela viu as tropas imperiais acampadas lá e mandou avisar o irmão, que alertou Canabarro. Uma vanguarda de Canabarro já havia sido atacada dois dias antes, com baixas. Não havia nenhuma possibilidade de não saber sobre da presença inimiga. Estranhamente, depois de avisado, Canabarro mandou retirar a munição de seus negros e horas depois ocorreu o ataque e eles foram massacrados. Diz-se que foram os lanceiros que foram mortos. De fato, uma parte deles morreu nesta batalha, mas estes estavam munidos de seus cavalos e lanças e combateram. Mas os maiores atingidos foram os infantes, a pé e sem poder carregar suas armas de fogo.

EC – Seu livro sobre a Revolução de 30 se baseou em que fontes?
Juremir Machado da Silva – O livro conta a história da Revolução de 30 a partir de pelo menos cinco pontos de vista. Um deles é de um soldado, que está vivo, o Seu Gabriel, hoje com 98 anos. Também há a cobertura do Correio do Povo sobre o episódio. Existem os registros deixados por seus principais protagonistas e que foram fonte de pesquisa, entre essas memórias, Getúlio Vargas, que escreveu um diário; e Virgilio de Melo Franco, político mineiro influente na revolta, que escreveu um livro sobre o assunto. Há dados da cobertura da Revista do Globo, importante na época, que fez um excepcional trabalho, publicado em 1931, com mais de 400 páginas detalhando como se deu o conflito em diversos pontos do RS e do Brasil. E também, obviamente, me baseei na abordagem dos historiadores. Portanto, não existe ficção no meu livro. Poderia ser simplesmente um livro de história, mas eu acho que ele tem uma maneira de contar que é de romance. Nós estamos vivendo em uma época em que o romance de ficção não interessa tanto às pessoas. Os leitores, curiosamente, estão muito interessados na verdade. Eles querem livros de história, mas não os querem contados de uma maneira pesada ou somente com formato acadêmico. Eu acho que a história é sempre um romance, mas um romance especial, que não pode ser inventado.

EC – Um causo?
Juremir Machado da Silva – Sim, um causo. Outro dia estava conversando com o Luis Antonio de Assis Brasil e ele disse: “a história está em crise, a literatura não”. Eu já penso justamente o contrário: a literatura está em crise e a história não.

EC – E como as conversas com Gabriel D’Ávila Flores mudaram a perspectiva sobre o episódio?
Juremir Machado da Silva – Acrescenta a autenticidade. Ele pode dizer: “eu estive lá”. No dia 3 de outubro de 1930, em Porto Alegre, no 7º Batalhão de Caçadores, situado na Praça do Portão, em Frente à Santa Casa, com saída para a Praça Argentina, houve combate noite adentro com mortes e a resistência foi feroz, culminando com uma rendição. Isso pode ser contado pelos livros e jornais e tem valor, mas se um homem de 98 anos conta o que viu e sentiu é totalmente diferente. Ele viu a história acontecer o que é bem mais importante do que recuperar os fatos apenas por fontes frias.

EC – Quais significados essas compreensões da história ajudam a construir?
Juremir Machado da Silva – Getúlio era muito complexo, paradoxal, esperto. Em princípio ele nem queria a revolução, mas desejava ser o candidato do presidente Washington Luiz. Porém, essas condições não existiam. Surgiu a oportunidade de ser de oposição. Ele avaliou que também não era viável, pois se desgastaria e talvez não ganhasse e ele ficou jogando com as possibilidades. Até que a situação se apresentou e ele raciocinou como bom gaúcho: não se pode deixar o cavalo passar encilhado. Então a revolução caiu no seu colo e quando sentiu que estava pronto, ele a fez. Quando ganharam, a revolução que ele tirou do chapéu era totalmente diferente do que a que seus aliados imaginaram. Queriam uma revolução conservadora, que resolvesse o problema de fraude eleitoral e que o RS participasse do poder. Mas o resultado foi uma revolução de forte cunho social.

EC – Que revolução era essa?
Juremir Machado da Silva – Em dois anos, Getúlio faz uma pilha de reformas sociais que horrorizaram seus aliados. Borges de Medeiros passou para o outro lado, Flores da Cunha, quase passou, João Neves da Fontoura passou de mala e cuia. Só quem não se surpreendeu, talvez, tenha sido Osvaldo Aranha, que era mais próximo. Claro que não foi uma revolução de cunho socialista, mas mudou o país.

EC – Por exemplo?
Juremir Machado da Silva – Mudou quase tudo. Antes o país era feudal, quase totalmente analfabeto, sem praticamente nenhum direito social ou trabalhista, a barbárie. Para cada mil habitantes, 30 aprendiam a ler e uns cinco ou seis chegavam à universidade. Se criou os ministérios do Trabalho e da Educação, duplicou-se o número de escolas e o orçamento da Educação. Em maio de 1933 é que pela primeira vez as mulheres puderam votar e ser votadas. Se limitou a jornada de trabalho e se criou as leis trabalhistas. Com isso, também se criou a organização sindical e um sistema de aposentadoria.

EC – O que representou a era Vargas?
Juremir Machado da Silva – Por outro lado, Getúlio tinha um projeto modernizador, industrializador. Mas é preciso que se diga que ele foi um líder populista que implantou uma ditadura e não era santo. Era um homem do seu tempo, autoritário, que prezava o executivo forte, com herança do positivismo gaúcho. Quando Borges de Medeiros mudou de lado por considerá-lo autoritário, Getúlio, espirituoso, disse: “Eu aguentei a ditadura de Borges de Medeiros por 30 anos sem reclamar e ele não aguenta a minha por apenas dois”. Não existia, na época, nenhum país realmente democrático, com exceção da Inglaterra. Nem os EUA, pois a legislação havia sido mudada para que Franklin Roosevelt se elegesse por quatro vezes. Então falamos de um período de autoritarismo, guerra mundial e todo mundo era meio golpista, com a tentação de tirar o outro do poder pelas armas.

EC – Tempos atrás o então presidente Fernando Henrique disse querer acabar com era Vargas
Juremir Machado da Silva – Volta e meia os nossos neoliberais querem voltar para antes de 1930. Se fizerem o que alguns aí propõem, em termos de direitos, significa retornar ao Brasil antigo. O que eles querem é precarizar o trabalho e extinguir direitos.

EC – Getúlio era fascista?
Juremir Machado da Silva – Muito se fala que Getúlio flertou contra o fascismo, mas as ações contra o fascismo foram muito mais efetivas do que um eventual flerte. Desmantelou os integralistas, perseguiu os nazistas, que no Brasil tinham o maior partido fora da Alemanha, impôs o ensino do Português nas colônias e depois entrou na guerra com os aliados. Pode ser que no pensamento ele tivesse alguma simpatia, mas na prática, apesar do paralelismo com Mussolini, no culto à personalidade e um certo perfil de Duce brasileiro, jamais chegou a mesma situação de equivalência. Se por um lado implantou uma ditadura e coibiu eleições, também fez coisas que contrariaram frontalmente o nazi-facismo. Portanto, os gaúchos e os brasileiros precisam descobrir o que a Revolução Farroupilha não foi e o que a Revolução de 30 foi. A Revolução de 30 foi o movimento mais importante na história do Brasil. De certa forma, mais do que as proclamações da Independência e da República. Dizendo de outra forma, representou a consolidação da Independência e da República.

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