Trabalhadores sairão às ruas neste sábado contra aumento do custo de vida, da fome e do desemprego
Foto: Ademir Wiederkehr/CUTRS
Um protesto nacional foi convocado pelas centrais sindicais, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e outros movimentos sociais para este sábado, 9, em todo o país. contra os aumentos dos combustíveis, gás, fome e desemprego. Com a mobilização, trabalhadores também querem reforçar a campanha Despejo Zero, criada para auxiliar famílias em situação de insegurança durante a pandemia.
A ação é coordenada pela Campanha Fora Bolsonaro, que liderou atos de massa contra o presidente da República em 2021, e congrega mais de 40 organizações que vão do próprio movimento sindical, estudantil e popular à partidos políticos de oposição, além de entidades religiosas das mais variadas matizes.
Em 18 de março passado, a campanha divulgou um relatório refletindo o resultado da reunião de sua coordenação nacional que foi realizado três dias antes para planejar suas ações para o primeiro semestre e consolidar seu calendário de lutas unitário.
Os atos que serão realizados sábado foram a principal resolução do encontro. A ideia é que os protestos sejam a primeira mobilização massiva do ano, dando sequência aos atos que pediram o impeachment de Bolsonaro em maio, junho, julho setembro e outubro de 2021.
“A piora nas condições de vida exige a continuidade da luta nas ruas por medidas emergenciais e soluções estruturais”, diz um trecho do documento da Fora Bolsonaro.
Inflação a galope
Se em 2021, os aumentos da gasolina para o consumidor final tiveram um impacto inflacionário de 47,49%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e o tarifaço, anunciado no último dia 10 de março, deixa claro que a situação não deverá ter alívio.
Concedido após 57 dias de preços congelados, o reajuste de 18,8% no preço da gasolina comum cobrado nas refinarias puxou junto a majoração de outros derivados do petróleo. Foram agregados, assim, mais 24,9% no preço do óleo diesel e 16% no Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o gás de cozinha.
Sem mensurar ainda todo o impacto desses reajustes, a inflação verificada pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) chegou a 2,37% em março, batendo os 1,5% de fevereiro. O IBGE divulgou nesta sexta-feira, 8, o INPC de março: 1,71%), a maior variação para o mês de março em 28 anos, desde março de 1994 período que antecedeu o Plano Real. Com isso o acumulado para data-base 1º de abril de 2022 ficou em 11,73%. Combustíveis e alimentação aceleraram ainda mais em março. Em fevereiro a variação já tinha sido alta (1,00%) o INPC
Até o momento, a inflação acumulada do ano está em 6%. No período de 12 meses, a alta chegou a 15,57%. Para se ter uma ideia da possibilidade de agravamento, em março de 2021, o IGP-DI mostrava uma inflação de 2,17%, acumulando 30,63% em 12 meses.
Ampliação da desigualdade e da fome
A inflação, a queda de renda e o desemprego prejudicaram as populações de baixa renda, aumentando a desigualdade social. E é essa desigualdade, segundo economistas, que, paradoxalmente, deverá limitar o avanço do PIB.
Tudo isso contribuiu para o aumento da miséria e da fome, um problema mundial que se agravou pelos impactos da pandemia, mas, que, no Brasil, tem contornos particularmente mais graves. Em especial porque o país que chegou a sair do Mapa da Fome da ONU em 2014, retornou com força a essa triste realidade.
Segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), 55,2% dos lares brasileiros estavam presentes no cenário de insegurança alimentar em 2019. O aumento da fome no primeiro ano do governo Bolsonaro foi de 54% em relação a 2018.
Em um país que se encontra na situação de um apagão estatístico – com duas vezes seu Censo Demográfico postergado pelo governo – a situação dos 116,8 milhões de brasileiros que não têm acesso pleno e permanente a comida apontada pela Rede Penssan, certamente se agravou para a Campanha Fora Bolsonaro.
Para a Coordenação do movimento, a reversão dessa situação só se dará com a ampliação dos programas de distribuição de renda, de educação e formação profissional. Algo que, na lógica neoliberal encampada pelo presidente, não irá ocorrer.
Atos no interior do Rio Grande do Sul
Segundo a Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT/RS) também serão realizados atos em cidades do interior do estado:
Caxias do Sul – Praça Dante Alighieri | 9h30
Novo Hamburgo – Praça do Imigrante | 10h
Osório – Praça da Igreja | 9h30
Pelotas – Mercado Público | 10h
Rio Grande – Largo Dr. Pio | 10h
Santa Maria – Praça Saldanha Marinho | 14h
Santana do Livramento – Parque Internacional | 9h30
Tramandaí – Praça da Tainha | 15h