SAÚDE

Campo Bom mobilizada pela doação de órgãos

A meta é socializar informações sobre a doação de órgãos e transplantes por meio de um conjunto de ações junto à comunidade, que passa, inclusive, pela formação de profissionais para atuarem na área
Por Redação / Publicado em 14 de junho de 2022

Envios diários

Envios diários

 

Foto: Lucas Unser/Prefeitura Municipal de Campo Bom

Cidade do Vale do Rio do Sinos, Campo Bom tem uma população superior a 66 mil habitantes e fica a 50 quilômetros de Porto Alegre, capital gaúcha

Foto: Lucas Unser/Prefeitura Municipal de Campo Bom

O município gaúcho de Campo Bom, do Vale do Rio do Sinos, está realizando um movimento para ampliar a doação de órgãos na região e o número de transplantes no Rio Grande do Sul.

As articulações iniciaram ainda em 2021 entre a Fundação Ecarta, por meio do projeto Cultura Doadora, e a administração municipal visando a promoção de um conjunto de ações para informar a comunidade sobre este tema que salva vidas.

Hoje, no estado, são mais de 2500 pessoas em lista de espera por transplante. No país, mais de 50 mil. O RS já foi o primeiro entre os 26 estados brasileiros em doação de órgãos. Atualmente, ocupa a oitava posição.

A primeira-dama Kátia Orsi coordena esse movimento local mobilizando os órgãos municipais, como a Câmara de Vereadores, instituições de ensino e demais entidades que queiram somar-se a este propósito.

“Precisamos fomentar esse tema, levarmos a informação e, assim, criarmos uma cultura de doação. A comissão formada tem o importante papel de viabilizar doações, como esclarecer dúvidas e desmistificar o tema”, reforça o prefeito Luciano Orsi.

Este movimento em Campo Bom já avançou com a adesão do Hospital Lauro Reus com a instalando da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (Cihdott), instrumento fundamental para assegurar a captação de potenciais doadores.

Conscientização salva vidas

Foto: Emerson Santos/PMCB

Primeira-dama Katia Orsi coordena o movimento pró cultura doadora

Foto: Emerson Santos/PMCB

A ação proposta pelo projeto Cultura Doadora em Campo Bom está inspirada nos resultados positivos alcançados em Montenegro.

O município do Vale do Caí, distante 60 quilômetros de Porto Alegre, não tinha nenhum doador, mesmo tendo um hospital 100% SUS.

Após um movimento articulado no município, com gestores, empresas, sociedade e a mídia local, o volume de doadores chegou a 62% em menos de um ano, se tornando referência na doação de órgãos.

“Este resultado salvou muitas vidas”, destaca Marcos Fuhr, presidente da Fundação Ecarta. “E está sendo inspirador para outros municípios construírem também uma cultura doadora em  suas comunidades. Estamos muito satisfeitos com a receptividade de Campo Bom a este movimento”.

Formação de profissionais de saúde e educação

Nesta quarta-feira, 15, às 14h, o projeto Cultura Doadora realiza palestra para agentes de saúde de Campo Bom.

Marcos Fuhr, presidente da Fundação Ecarta e mediador do debate

Foto: Igor Sperotto

Marcos Fuhr, presidente da Fundação Ecarta: Uma Cultura Doadora, individual e social, deve integrar uma concepção de vida, de cidadania e se constituir em valor universal que consagra a vida como bem mais precioso

Foto: Igor Sperotto

Outra está agendada para 29 deste mês, no mesmo horário para os demais profissionais de saúde. As atividades ocorrem na Câmara de Vereadores com palestra das integrantes da Organização de Procura de Órgãos (OPO), órgão executivo da Comissão Nacional de Transplantes de Órgãos e Tecidos, e da produtora Cultura Doadora, Glaci Borges.

Para os médicos, a formação será dia 27 de julho, no mesmo horário e local.

“Com a adesão do hospital, que passa a integrar a rede de hospitais capacitados a fazer a captação, o projeto se tornará realidade”, destaca a médica. Fernanda Bonow, coordenadora da OPO1, com sede no Complexo Hospitalar da Santa Casa, em Porto Alegre, na Fundação Ecarta da que congrega 27 municípios da Região Metropolitana.

Conhecer a vontade dos familiares

A advogada de Campo Bom, transplantada e incentivadora do projeto Anália Goreti da Silva, 63 anos, está engajada no propósito de ampliar a consciência sobre a importância das famílias dialogarem sobre a doação de órgãos.

“Isso facilita muito em horas de fatalidades com perda de familiares que poderiam salvar muitas vidas. São os familiares os responsáveis por autorizar a doação no momento da morte. Conhecer a vontade do ente querido facilita a decisão”, entende Anália, que pôde seguir sua vida a partir da doação de um pulmão.

Apenas pacientes com morte encefálica são doadores de múltiplos órgãos, representando menos de 2% do total de óbitos. E esses óbitos ocorrem  apenas em ambiente hospitalar, como UTIS ou emergências.

“Há muita desinformação sobre o assunto especialmente porque envolve o tema da morte. Porém, é esse diálogo que permite salvar vidas e interromper o sofrimento de milhares que esperam por um gesto assim”, demostra Glaci Borges produtora do projeto Cultura Doadora há 10 anos e entusiasta do tema.

Do total de doadores, cerca de 50% das famílias negam a doação. A possibilidade de uma pessoa ser doadora é de 10%, enquanto a possibilidade de precisar de um órgão é 40%.

Palestrante sobre o tema para duas turmas da Emef Lúcia Mossmann em junho, Glaci comemora essa parceria com o município. “Estamos muito animados com este trabalho empreendido em Campo Bom”, conclui.

Comentários