Já que o plagiarismo está em toda parte – nas livrarias e na imprensa, nas redes e na Academia, nas galerias de arte e na música, nas universidades e nas escolas – não poderia faltar aqui neste espaço, digamos. Eis alguns preceitos e preconceitos, todos meus.
O plágio se perpetua porque o plagiador é eterno. A única coisa que mudou foram as ferramentas. O fato de haver cada vez mais plagiadores é apenas reflexo da evolução dos meios de reprodução. Graças ao copy-paste, estamos no auge do plágio.
A única lei que o plagiador respeita é a da precedência criadora. Seu lema é: quem espera sempre alcança um original.
Ilustração: Sica
Ilustração: Sica
O mercado absorve e até premia todo tipo de plágio, da literatura à música, das artes plásticas às teorias científicas e teses acadêmicas. Não será surpresa se vier a surgir um plagiador mais talentoso que um criador.
O plágio também é uma afirmação de capacidade. Pense em quantos tentam plagiar e não conseguem.
Os grandes autores costumam ser plagiados com maior frequência. Claro: gente inspirada deve inspirar gente sem inspiração. Vai ver alguns dos maiores escritores devem sua dimensão exatamente ao fato de serem muito copiados.
O pagamento tem que estar à altura do plágio – dos melhores ou dos piores plagiadores, tanto faz. O mais pertinente é usar dinheiro falsificado.
O plágio é uma faca sem lâmina à qual lhe falta o cabo. (De meu, nesta frase, só a palavra plágio. O restante da frase é uma definição de Nada, de autoria do Barão de Itararé, criada por ele nos anos 40. Só utilizei aqui para comprovar a eficiência, ou o descaramento, de qualquer bom plagiador.)
O maior desestímulo ao plágio? Só me ocorre esse, de efeito universal: se tudo que agora é publicado já foi escrito antes, então todos os plágios já foram feitos também. Nem há mais graça em plagiar.
Os plagiadores, quando constituem família entre si, têm sempre filhos gêmeos, trigêmeos, quádruplos, quíntuplos etc. Ao contrário de suas mentes estéreis, seu aparelho reprodutor é fértil.
A máxima Os fins justificam os meios trata justamente da metodologia no plágio: comece copiando o último capítulo e daí passe para o miolo. Isso resolve mais de 90% da tarefa, faltando apenas o início.
O plagiador é um copiador que deveras copia. Copia tão copiosamente que chega a pensar que é seu o que apenas plagia. Vocês percebem?
A dica correlata: Plagie somente livros mal escritos, textos ruins, obras desinteressantes. Nunca descobrirão você.
Etc.