Empresa ameaça fornecedores se Lula for eleito
Foto: Reprodução
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Documento da fabricante de máquinas e implementos agrícolas Stara, empresa sediada no município de Não-Me-Toque (RS), foi destinado a fornecedores no primeiro dia após a votação em primeiro turno no país.
Alegando “atual instabilidade política e possível alteração de diretrizes econômicas no Brasil” diz que se o resultado se mantiver no segundo turno, (Nota da redação: com a eleição de Luís Inácio Lula da Silva) “deverá reduzir sua base orçamentária para o próximo ano em pelo menos 30%”.
O Ministério Público de RS (MPRS) recebeu representação contra a empresa por tentativa de coação e, por envolver a eleição para o cargo de presidente da República, encaminhou a denúncia à Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE), em Brasília.
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Extra Classe recebeu o ofício da Stara de três fornecedores da empresa. Todos pediram sigilo, mas relatam que, nos grupos de WhatsApp que participam, o teor do documento teve forte repercussão.
De um lado, um diz: “Sabe como é, né? Tem gente que parece que se alimenta de fake news”, apontando uma possível preocupação que circulou na cadeia que atende a Stara.
Outro interlocutor reage indignado. “Isso aí é o Gilson mostrando as garras”. Segundo ele, o clima na cidade é de terror e as ameaças também chegaram aos trabalhadores de diversas empresas. “Estão dizendo aí que lá na Stara, de cara, serão mais de 1.500 demitidos. Fora outras”.
Proprietário já é investigado por abuso econômico
O nome referido pela fonte de Extra Classe é Gilson Lari Trennepohl, presidente do conselho de administração da Stara e vice-prefeito de Não-Me-Toque.
Trennepohl apoia Jair Bolsonaro (PL) desde a eleição de 2018 e está sob investigação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por suposto abuso de poder econômico protagonizado nos desfiles de 7 de setembro em Brasília.
Ele é o segundo maior doador da campanha do Bolsonaro. Doou R$ 350 mil. Ficou atrás apenas do ex-piloto Nélson Piquet, que deu R$ 501 mil.
A Ação de Investigação Judicial (AIJE) aberta pelo ministro corregedor do TSE, Benedito Gonçalves, atendeu pedido da de coligação que apoia o ex-presidente Lula, (PT, PV, PC do B, Psol, Rede, PSB, Solidariedade, Avante, Agir e Pros).
Na decisão que colocou o empresário sob investigação no dia 11 de setembro, o corregedor afirma que a participação de máquinas agrícolas no desfile que tradicionalmente era realizado por militares foi feita “para marcar a proximidade do candidato Bolsonaro ao agronegócio, ao ponto de os veículos serem dirigidos por motoristas com camisetas em apoio a este”, escreveu Gonçalves.
Na ação, Trennepohl figura entre dezoito nomes. Nela, além do presidente e seu vice na chapa para sua atual candidatura, o general Walter Braga Netto, estão ainda o empresário Luciano Hang, o ex-ministro Fábio Faria, o pastor Silas Malafaia, entre outras personalidades.
Em vídeo, o empresário e vice-prefeito de Não-Me-Toque afirma que está sendo “processado de forma indevida”, pois nem estava em Brasília. “Querem nos calar e acabar com a liberdade do Brasil”, protestou ao dizer que a ação é uma tentativa de calar a voz dos que apoiam o presidente e candidato à reeleição.
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Repercussão e denúncia ao Ministério Público do Trabalho
A repercussão nas redes sociais vai de utilização do manifesto da Stara por apoiadores de Bolsonaro que alegam uma possível “quebra” do Brasil com a eleição do petista à fortes críticas, que são a maioria.
Desrespeito, pressão sobre fornecedores e trabalhadores e assédio são as palavras chaves.
A deputada federal reeleita Fernanda Melchiona (PSOL/RS) denunciou: “O dono é um dos principais doadores de Bolsonaro e já foi beneficiado com mais de R$ 2 bi pela sua gestão. Uma mão lava a outra e quem paga é o trabalhador! Isto é crime!
No início dessa tarde, a Central Única dos Trabalhadores (CUT/RS) informou que os sindicatos que representam os trabalhadores da empresa fizeram uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
“Me causou surpresa! O recado é para os fornecedores, mas o objetivo é atingir os trabalhadores”, disse o presidente do Sindimaquinas de Carazinho, Luiz Sérgio Machado
O que diz a empresa
Extra Classe procurou o diretor responsável pela assinatura do ofício e foi informado que ele estava em reunião com o jurídico da Stara. Também o presidente do conselho de administração e vice-prefeito de Não-Me-Toque não foi encontrado.
Somente por volta das 15 horas um vídeo foi publicado nas redes sociais da empresa se manifestando sobre o assunto.
Nele, diretor-presidente da Stara, Átila Stapelbroek Trennepoh, disse que o documento foi feito para seus fornecedores dentro de uma política geral onde a empresa apresenta suas projeções.
“Não queremos coagir ninguém a votar em A ou no B”, afirmou. O executivo também disse que é para os trabalhadores da empresa ficarem tranquilos, pois há muita fake news sobre possíveis demissões.
No Linkedin, rede social voltada ao ambiente de negócios, até o momento a maioria das manifestações são críticas à empresa.
“O terrorismo eleitoral para com os fornecedores (lembrando que funcionários PJ também são fornecedores) não está explicado”, disse um usuário.
Adjetivos como, terrorismo eleitoral e cara de pau também se fizeram presentes.