SAÚDE

Povos indígenas correm risco de nova crise sanitária

Além de negligenciar a vacinação nas reservas e aldeias, governo cortou 60% do orçamento de 2023 para a saúde indígena e não repassa recursos para conveniados
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 2 de dezembro de 2022

Foto: Observatórios dos Direitos e Políticas Indigenistas

Iminência de colapso na saúde da população indígena, risco é de nova crise sanitária, alertam Apib e GT povos originários da transição

Foto: Observatórios dos Direitos e Políticas Indigenistas

A Articulação Nacional dos Povos Indígenas (Apib) e a equipe que trata das questões dos povos originários nos trabalhos de transição do governo Bolsonaro para a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, que assume em 1º de janeiro, está apontando risco de nova crise sanitária entre povos das mais variadas etnias no Brasil.

Segundo informações coletadas pela equipe de transição, além do corte de 60% do orçamento da saúde indígena para o próximo ano, Bolsonaro não está repassando os recursos necessários para as entidades conveniadas que contratam trabalhadores, realizam a compra de insumos médicos e fazem a logística para os Distritos sanitários especiais indígenas (DSEI).

Ao todo, são 34 DSEIs distribuídos no território nacional.

Outro dado preocupante diz respeito à cobertura vacinal contra a covid-19, que é menor em indígenas do que em não indígenas.

Há DSEIs onde o percentual de vacinados com a segunda dose é inferior a 75%.

Até o momento não há informações se os contratos dos conveniados estão ou não sendo renovados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). O Ministério da Saúde não se manifestou.

Com a assistência à saúde da população indígena em iminência de colapso, segundo a Apib e o grupo de transição, a situação pode se agravar nos próximos meses, com o agravamento da crise sanitária.

Demarcação e garimpo

O grupo de trabalho dos povos originários entregou no dia 30 de novembro à coordenação da transição um relatório preliminar que pede a imediata demarcação de 13 terras indígenas no país.

De acordo com o documento, essas terras estão prontas para homologação. O GT também encaminhou pedido de cerco ao garimpo ilegal no país, especialmente na Amazônia.

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